sábado, 28 de setembro de 2013

Símbolo de Rondônia descoberto pelo Mito


Às margens do Guaporé, no hoje Estado de Rondônia, a noroeste do Brasil, ergueu-se as seculares muralhas do Real Forte Príncipe da Beira. Implantá-las em sítio ainda hoje de difícil acesso, representa um feito extraordinário e uma relíquia da engenharia militar portuguesa, engastada na Floresta Amazônica.
Com o objetivo precípuo de defender o imenso território colonial português(Brasil), sentiram os colonizadores portugueses a inevitável necessidade de edificar fortificações, em pontos estratégicos do imenso território colonizado. Fortaleza que foi abandonada em 1889 durante a Proclamação da República e redescoberta por Marechal Rondon em 1914.
Foram anos de trabalhos árduos. Estas muralhas testemunham hoje a têmpera dos seus construtores, refletem a vontade férrea, a determinação inabalável, que os animaram para enfrentar os desafios e as adversidades resultantes da enormidade das distâncias, da agressividade da floresta e dos animais selvagens, do desgaste físico provocado pelas doenças e das investidas do oponente externo.

Cessadas as ameaças externas contra as quais se ergueu o Forte Príncipe da Beira, esteve por longos anos desguarnecido, abandonado, a floresta chegou a apagá-lo do conhecimento e da memória nacional. Gerações de brasileiros ignoravam a sua existência, até que, em 1914, Cândido Rondon o reencontrasse. De 1930 para os nossos dias, O Exército brasileiro voltou a guarnecê-lo.
Os homens do século XVIII, ao construírem esse Forte, deram seu trabalho e , alguns, sua vida, visando conquistar um patrimônio não para si, mas para as gerações seguintes. Patrimônio que, preservado a cada geração e consolidado pelo Marechal Rondon e seus companheiros, se converterá em efetivo pólo de geração e riquezas para os brasileiros.
Rondon tinha na solas dos pés o mais longo caminho jamais percorrido; andarilho infatigável, das sendas do oeste, na patriótica faina de pacificar ao seu modo os índios, de resgatar ao convívio nacional as distantes comunidades pelos fios telegráficos e de abrir novos rumos para a integração das esquecidas lindes, defrontou-se Rondon com as destruídas muralhas do velho Forte.
No ano de 1934 foi iniciado junto ao Forte, a construção de novas instalações destinadas a um quartel que passou a servir como local onde fora sediado, durante vários anos, o 7° Pelotão de fronteira, ligado à 6° Companhia de Fronteira, que se encontrava instalada em Guajará-Mirim.
O Forte é uma parte daquele passado. Ele atesta a energia,a vontade de um povo que é a nossa raça. Da fibra dessa raça iria surgir no Guaporé o sincretismo cultural do caboclo, dos quilombolas, dos seringueiros, dos povos indígenas. É esse povo hoje, que defendem com suas tradições, a identidade Amazônica esquecida e abandonada nas fronteiras. Não é apenas a Fortaleza da Floresta que está abandonada, é o povo ribeirinho do Guaporé, que seguem com suas vidas com todas as dificuldades, sem ajuda dos gestores públicos, na região que é berço da nossa história e vida.

Aleks Palitot
Historiador