Páginas

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

TEOTÔNIO, a Vila histórica de Porto Velho.


A preocupação do governo português com o ouro do Madeira fê-lo tomar providência no sentido de que as viagens fossem levadas a efeito através do rio, daí passarem a escolher um local para colocarem um procurador posto ou quinto do ouro extraído da calha do rio e seus contribuintes ou por 10 anos e perderia tudo seu, inclusive escravos.


Tais preocupações resultaram em posicionamento dos capitães-generais das Capitanias do Pará e Mato Grosso, cuja pretensão inicial era reconstruindo um arraial nas proximidades de Salto Grande, quando o juiz de fora de Vila Bela da Santíssima Trindade, Teotônio da Silva Gusmão, convenceu as autoridades da metrópole e os governos das províncias a construírem a povoação, tendo-o como executor.

Conseguindo tal objetivo, Teotônio, que já se encontrava no Pará, em busca de recursos, levou consigo toda a família para a arrojada empreitada e dedicou-se de tal forma o magistrado do governo de Rolim de Moura, que foi inicialmente muito elogiado pelo governo do Pará, pois mostrava-se capaz de estancar possíveis pretensões espanholas naquelas paragens.


EM 1757, Teotônio da Silva Gusmão - depois de muita luta - chegou de Belém com numerosa comitiva, inclusive dois sacerdotes Carmelitas -Frei José de Jesus Maria e Frei João Evangelista. Fundou o arraial de Nossa Senhora da Boa Viagem do Salto Grande. Na realidade, ficou conhecido pelo nome de seu fundador.

Em 21 de fevereiro de 1759, o governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado criava a vila de Salto Grande, embora o fundador, segundo o governo afirma em documentos enviados à corte, por ser muito nervoso e pouco conciliador, provocasse a evasão de seus auxiliares e a irritação dos Índios, que chegaram a desferir ataques ou se revoltarem com o tratamento que dele recebiam, resultando no abandono do lugarejo.



Em 1819, houve novas tentativas de povoar Teotônio: o tenente-coronel José Pereira da Silva, que terminou assassinado por escravos e, finalmente, o tenente Diogo de Ramos Cardoso, que resistiu às intempéries até 1825, quando viajou para o Pará. Quando Teotônio, que chegara a ser nomeado ouvidor de Cuiabá e deixara de assumir para ir fundar Boa Viagem, morreu em extrema pobreza em Santarém.


Oficialmente não teria havido mais nenhuma tentativa de nenhum governo provinciano, do Império ou da República, de povoar o local, até nossos dias. Na décadas de 50,60,70,80 e 90 do século XX, a região era uma grande comunidade de pescadores. 



Hoje, a região da antiga Teotônio está submersa pelo Rio Madeira, em virtude da construção das barragens. Seus antigos moradores foram deslocados para região próxima da localidade original, e ela se chama Nova Teotônio, se transformando em região turística.

Aleks Palitot

Professor e Historiador