domingo, 27 de novembro de 2011

Assim surgiu o Bairro Arigolândia


A área constituída pelo bairro Arigolândia era da década de 40 do século XX, um belo e grande araçazal, derrubado em 1944 pelas máquinas da Segunda Companhia Rodoviária, que tinha à época, como comandante o capitão Ênio Pinheiro. A limpeza da área visava a instalação das primeiras casas pré-fabricadas de madeira, para alojar as famílias dos guardas nordestinos integrantes da recém-criada Guarda Territorial. Esses nordestinos eram chamado de arigôs. Junto a estes, também passaram a viver naquela região, trabalhadores e soldados da borracha, também vindos do nordeste rudes e simples, eram chamados também de arigôs e moravam durante certo período em barracões improvisados no antigo araçazal, por isso o bairro teria o nome de Arigolândia.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

A História do Bairro Areal em Porto Velho

Primeira Igreja do Bairro Areal onde hoje é o Centro do Menor
Esse bairro surgiu a partir de um grande areal de onde foi retirada a areia para construções importantes de Porto Velho na década de 50, no caso o Hotel Porto Velho, Mercado Municipal, Prédio do Relógio e Palácio Getúlio Vargas, ambos concluídos no mesmo período. A partir desse areal e da sua proximidade do centro de Porto Velho, muitos populares começaram a ocupar a região no final da década de 50 e começo de 60.

Bairro Areal e ao lado direito da foto Igreja Nsa. de Fátima
No bairro um dos pontos históricos mais importantes foi a construção da Igreja Nossa Senhora de Fátima, a segunda igreja de Porto Velho construída por padres italianos. Posteriormente o 5° Batalhão de Engenharia e Construção também explorou o areal existente no lugar onde hoje existe os limites entre o bairro Areal e a Baixa União.

Pe. Mário um dos fundadores do Bairro Areal

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A História de Vila Bela


Alunos do Colégio Objetivo na Ruínas da Igreja de Vila Bela
A vida é cheia de aventuras quando você corre atrás. Nessa busca de uma aventura os estudantes do Colégio Objetivo junto com a equipe do Trilhando a História, partiram mais uma vez a uma localidade histórica e rica em belezas naturais. É assim Vila Bela da Santíssima Trindade no Estado do Mato Grosso, região de beleza exuberante onde existe uma infinidade de atrativos, riachos, montanhas, grutas, trilhas e cachoeiras, a hospitalidade dos habitantes e sua culinária tradicional, somadas a diversidade cultural é a receita para receber os visitantes.
Logo que chegamos partimos para uma grande trilha até a Cachoeira dos Namorados, de 76 metros de altura é um passeio esquecível. A trilha segura e sem nenhum grau de dificuldade, serpenteia pela mata, acompanhando o riacho que se forma a parti do lago de águas cristalinas ao pé da queda d'água, ótimo para um mergulho refrescante. Por trás da cortina de água há um grande salão cavado na rocha que permite a contemplação da cascata de um ângulo inusitado.
Depois os aventureiros puderam conhecer um pouco da história da ocupação de Vila Bela , quando chegamos até as ruínas da antiga Igreja construída em 1769. Os irmãos Fernando e Artur Paes de Barros foram os descobridores das Minas do Mato Grosso, nas margens do Rio Galera, no Vale do Guaporé.
Nessa expedição se depararam com uma mata grossa, fechada, com altas árvores, quase impenetrável, que se estendia por quase sete léguas. Denominaram-na de Mato Grosso. Posteriormente, em 1746, através de Carta Régia, D. João V determinou a fundação de uma vila nessa região, para servir de ponto de apoio administrativo e militar aos vários pequenos garimpos pulverizados por todo o Vale do Guaporé.
Com a criação da Capitania de Mato Grosso por Carta Régia de 7 de maio de 1748, a nomeação do primeiro Capitão General, D. Antônio Rolim de Moura, para consolidar a posse portuguesa no Vale do Guaporé, este governante recém nomeado fundou Villa Bela da Santíssima Trindade a 19 de março de 1752.
O nome do local onde foi fundada a vila, nas margens do Rio Guaporé era Pouso Alegre, no ponto mais ocidental possível do então reino português, escolhido como sede da Capitania pelas condições propícias de terreno, solo e possibilidades de defesa.
A escolha do nome provinha do costume da época colonial de designar por Villa a sede municipal e expressão de admiração pelo lugar - bela.
Foi a primeira sede da Capitania de Mato Grosso. Com o passar dos tempos, Vila Bela da Santíssima Trindade, ao perder a condição de capital para Cuiabá, passou a chamar-se Mato Grosso. A decadência da cidade Matto Grosso foi tão sensível, que a Assembléia Legislativa editou, em 1878, uma lei extinguindo o município, que foi, no entanto, vetada a 11 de dezembro do mesmo ano, pelo presidente da Província dr. João José Pedrosa. A Lei Estadual nº 4.014, de 29 de novembro de 1978, devolveu a denominação antiga ao município: Vila Bela da Santíssima Trindade.

O Trilhando a História vai ao ar todas as terças no canal 17 na Rede TV Rondônia no programa Fala Rondônia ao meio dia em rede estadual e em horários alternativos nos canais 20 e 25 (13h).
Os programas ficam a disposição no site WWW.amazoniavideo.com


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O Brasão do Estado de Rondônia

No passado, desde a antiguidade, a nobreza, as famílias e dinastias possuíam seu brasão como forma de identificação. Eram usados em selos, documentos, edifícios, bandeiras e até em animais. Era uma maneira de marcar presença, manter as origens e através da simbologia do brasão contar sua história.
No período feudal na Europa, o desenho de um brasão era normalmente colocado num suporte em forma de escudo que representa a arma de defesa homónima usada pelos guerreiros medievais. No entanto, o desenho pode ser representado sobre outros suportes, como bandeiras, vestuário, elementos arquitectónicos, mobiliário e objectos pessoais. Era comum, sobretudo nos séculos XIV e XV, os brasões serem pintados ou cosidos sobre as cotas de malha, o vestuário de proteção usado pelo homens de armas. Por isso, os brasões também são, ocasionalmente, designados por cotas de armas.
Rondônia possui um brasão com significados em sua heráltica, que contam a história de um povo em seus vários momentos históricos. Nas laterais, os ramos ou folhagens representam a produção de Cacau e Café em Rondônia em grande escala na década de 70 com a implantação dos projetos de colonização. A Espada significa a presença dos bandeirantes e sertanistas que estiveram na região a partir do século XVII. No centro o formato principal do brasão, temos a planta ou forma arquitetônica do Real Forte Príncipe da Beira construído em 1776 na região do Guaporé. No centro deste desenho a estrela que representa a criação do Estado de Rondônia como o vigésimo terceiro estado da Federação. Os trilhos abaixo lembram a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré iniciada em 1872 na região de Santo Antônio. Na faixa abaixo da composição principal foram evidenciados dois anos importantes para nossa história, 1943 foi o ano de criação do Território Federal do Guaporé por Getúlio Vargas e 1981 momento da criação do Estado de Rondônia pelo presidente João Batista Figueiredo.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A História de Rondônia

Rondônia: Um mosaico de cultura, história e identidade

Bandeira do Estado de Rondônia
Um lugar de riquezas históricas e culturais variadas. Assim é Rondônia, um Estado novo, com fortes traços indígenas e diversas influências culturais que, ao longo do tempo, formou uma cultura única, miscigenada, como em nenhum outro local. Essa expressão cultural do Estado está presente na rica gastronomia, no folclore, na beleza do artesanato e na sua história, que possui capítulos de momentos e ciclos econômicos, que proporcionou ao homem encarar inúmeros desafios em meio à grande Floresta Amazônica; homens que deram o suor, o sangue e a vida por uma grande história.
O desafio dos desbravadores de Rondônia tem sua primeira página escrita na história, no momento da chegada de sertanistas e bandeirantes nessa região, homens como Raposo Tavares e Francisco Palheta, que ousaram encarar as regiões mais inóspitas do Brasil Colônia, para garantir no passado à coroa portuguesa, a posse desse rico território. Durante o período de exploração dos vales do Madeira, Mamoré e Guaporé, vivemos o ciclo do ouro e das drogas dos sertões, o homem busca a riqueza a todo custo, enfrenta índios, o calor, a fome e as doenças. É constantemente energizado com o sonho do Eldorado, com a possibilidade de conseguir riquezas alçando assim, parte de seus objetivos.
Para garantir a posse de nossa região, a Coroa Portuguesa deu ordens para construir fortificações com o propósito de combater os invasores espanhóis e estabelecer aqui o controle das terras amazônicas. Foi incumbido de tal missão, a figura histórica de Antônio Rolim de Moura que construiu as margens do rio Guaporé o Forte Nossa Senhora da Conceição, garantindo através das armas a resistência contra os invasores espanhóis. Logo depois em que o Forte Conceição posteriormente renomeado Bragança foi destruído por uma grande inundação, Luiz de Mello Pereira e Cárceres inicia em 1776, a construção de uma obra prima em meio a Amazônia, o monumento mais antigo de Rondônia, o Real Forte do Príncipe da Beira, que é considerado um dos maiores fortes da história do Brasil. Apesar de nunca ter dado um tiro com suas cinqüenta e seis canhoneiras, esse grande monumento bélico foi importante para demarcar os territórios guaporeanos pertencentes na atualidade ao nosso Estado de Rondônia.
Rondônia também viveu os tempos áureos do ciclo da borracha, foi daqui dos Vales do Madeira, Mamoré e Guaporé que saiu o ouro branco, o látex, a tão desejada borracha, destinada aos centros industriais da Europa e dos Estados Unidos. Foi nesse contexto que a nossa miscigenação ganhou força, ganhou detalhes formidáveis, eis que surge na nossa história o migrante nordestino, quem vêm para Rondônia em busca de melhores dias e aqui, se veste de coragem e esperança em dias melhores, longe da seca do nordeste brasileiro. É aqui na Amazônia que os elementos culturais nordestinos vão se misturar aos valores e realidade cabocla e beradeira. É portanto, durante o ciclo da borracha que o homem entende que se faz necessário manter a floresta em pé, ter-la assim é sinônimo de desenvolvimento, lucro e futuro. É do corte da seringueira que se extrair a vida, o dinheiro e o sustento.
Para o ouro branco, a borracha, chegar mais rápido aos grandes centros, Rondônia, ainda retalhos das Províncias do Amazonas e Mato Grosso, viveu um dos maiores desafios enfrentados pelo homem. O Trem Fantasma, a Ferrovia da Morte, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré que se tornou, a mais nova obsessão dos pioneiros de Rondônia. Havia a necessidade de escoar a grande produção da borracha, que encontrava dificuldades entre os trechos de saltos e corredeiras entre os Rios Madeira e Mamoré. Não foi fácil, foram necessárias cinco empresas em quarenta anos para consolidar a travessia daquilo que era o mais moderno do mundo, os trilhos e a sua Maria fumaça. Vidas foram ceifadas, lendas foram construídas e o sonho mais uma vez concretizado. Mas é de lendas e sonhos, que se fortalece o espírito humano e jamais será esquecida a proeza dos que viveram, sofreram e morreram pela Estrada de Ferro Madeira Mamoré. A velha locomotiva permanece viva no ideal de homens e mulheres que erguem a civilização ao longo de seus trilhos. Ela é a alma do povo, que têm o caráter o aço dos trilhos fincados com pregos de ouro e prata, no caminho da esperança e da fraternidade universal.
Rondônia com seu nome homenageia um dos personagens mais nobres de nossa história, o grande sertanista Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, nobre explorador que em 1909 por aqui chegou, e dois anos depois fundou a primeira Estação Telegráfica de Rondônia na localidade de Vilhena. A partir da Estação Álvaro Vilhena, este grande sertanista seguiu por todo o Estado até Porto Velho e depois Guajará-Mirim. Pelo mesmo traçado das Linhas Telegráficas de Rondon jovens aventureiros incentivados pelo Governador do Território Federal de Rondônia Paulo Nunes Leal, iniciaram em 28 de outubro de 1960 a Caravana Ford, que iria encarar o desafio de trafegar pela BR-29 inaugurada pelo presidente do Brasil Juscelino Kubitschek. Assim pelo mesmo lugar anos depois, os pioneiros do Quinto Batalhão de Engenharia e Construção iniciariam o asfaltamento da futura BR- 364.
O Estado de Rondônia sempre foi palco de grandes histórias, de grandes aventuras e odisséias, mas nenhuma história ou momento foi mais especial do que a vinda dos migrantes na década de 70. Durante o Regime Militar foi deflagrado um projeto de ocupação da Amazônia, levar homens sem terras a uma terra sem homens. Nesse período a região é invadida e conquistada por milhares de pessoas de todos os recantos do Brasil, que chegam com seus sonhos e encaram muitos pesadelos. Tudo estava ainda por construir, e é com esses braços fortes e coragem no coração, que os brasileiros fazem Rondônia ser protagonista de um dos maiores surtos migratórios da história do Brasil. Homem importante nesse projeto foi o Coronel Jorge Teixeira, deixou de cuidar da própria saúde para garantir a criação do 23° Estado da Federação. Em 1982 o sonho daqueles que chegaram aqui se consolida, o Estado é criado mas, ainda nos resta a grande motivação de sempre acreditar que é possível melhorar. Hoje Rondônia mais uma vez vive um ciclo épico, e necessário que cada Rondoniense e Rondoniano possa lutar lembrando sempre daqueles que estiveram aqui antes de nós, e desempenharam com heroísmo a construção de nossa história.

Aleksander Palitot
Professor e Historiador

domingo, 6 de novembro de 2011

Expedição Vila Bela Objetivo em Cacoal

Aleks Palitot e Professor Ruzel Costa em Cacoal
Nascer é um privilégio de quase todos; viver é uma aventura para poucos. Sendo assim os alunos do Ensino Médio do Colégio Objetivo partiram para uma grande aventura com o Trilhando a História em mais uma Expedição Vila Bela da Santíssima Trindade no Estado Mato Grosso. A partida foi no dia 27 de outubro primeiramente com destino a localidade de Cacoal, onde lá no Hotel Cacoal Selva Park todos puderam desfrutar de uma aventura radical, o arborismo.
Os aventureiros junto com a equipe do Trilhando a História gravaram um programa contextualizando a história do município de Cacoal, abordando o surgimento daquela localidade e evidenciando suas potencialidades turísticas e ambientais. Cacoal é um dos municípios mais importantes do estado de Rondônia. O seringueiro Anísio Serrão de Carvalho nomeou o município de Cacoal devido a grande quantidade de cacau nativo que infestava a área, tendo boa aceitação pelo solo, vindo a se tornar juntamente com a lavoura cafeeira, que fez deste município à Capital do Café, tornando-se a cultura mais importante da região, dando base de sustentação a economia local.

O Trilhando a História vai ao ar todas as terças no canal 17 na Rede TV Rondônia no programa Fala Rondônia ao meio dia em rede estadual e em horários alternativos nos canais 20 e 25 (13h).
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terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Brasil decide construir a Ferrovia

Estação ferroviária da Estrada de Ferro em Porto Velho - RO
No ano em que a firma P. & T. Collins abandonou Santo Antônio, coincidentemente a Bolívia envolveu-se em uma guerra com o Chile, que viria a perder 3 anos depois em 1882, e como resultado dessa derrota, viu-se privada de seus portos marítimos, uma vez que o Chile deles se apossou, transformando a Bolívia em um País sem saídas para o Mar.
Dessa forma, a Bolívia, não querendo pagar os pesados tributos que certamente Chile e Peru cobrariam pela passagem de suas mercadorias, recorre ao Brasil em busca de auxílio, uma vez que esse País sempre havia facilitado o comércio Boliviano, inclusive isentando-o de taxação no trânsito pelo território Brasileiro. Por outro lado, o Brasil também vislumbrou nessa situação a "mola" impulsora para aquela região da Amazônia, uma vez que concentrar todo o movimento de exportação e importação Bolivianos certamente justificaria, financeiramente, a empreita que representava a construção da Madeira Mamoré, sendo firmado, em 15.05.1882 um tratado que versava sobre a navegação nos rios bolivianos e a construção da E.F.M.M., sendo despachada imediatamente para a região, pelo Brasil, uma equipe de engenheiros (a comissão Morsing) para os estudos visando a construção da ferrovia.
Já na chegada a Santo Antônio, em 19.03.1883 e diante da desolação do local e do total estado de abandono dos restos da aventura da firma P. & T. Collins e da enormidade do que havia sido feito durante aquele quase um ano para os padrões de produtividade dos trabalhos na região (construídos 6 km de trilhos, aterrados cerca de 20 km e estudados mais de 100 km), já declarou um dos membros da comissão: "São incríveis os trabalhos feitos por aqueles heróicos Americanos, a despeito de todas as contrariedades"...
Essas contrariedades não tardaram a afetar a comissão Morsing e após cerca de um mês de permanência no local, já começavam a registrarem-se as primeiras mortes de engenheiros, e o próprio chefe da comissão adoeceu, sendo retirado do local. Para variar, os índios também continuavam perturbando os trabalhos e assustando os encarregados do trabalho a ponto destes não se aventurarem nas matas à procura de caça para substituir a alimentação pobre do local, o que contribuiu ainda mais para piorar as condições de saúde dos membros da comissão, registrando-se mais algumas mortes de engenheiros e trabalhadores, até que a comissão retirou-se em 19.08.1883, quando já não havia nenhum membro que não estivesse doente.
Entretanto, pouco antes de abandonar o local, a comissão encontrou o jogo de plantas originais do levantamento topográfico para a construção da estrada de ferro feitas pela Public Works, plantas essas que há 10 anos atrás haviam dado início a toda a celeuma envolvendo a construção da ferrovia, por ser a base do processo movido por essa empreiteira em Londres. Nessa ação, a empresa utilizou-se de cópias dessas plantas para embasar sua alegação de haver sido enganada, visto que a ferrovia teria na realidade uma extensão bem maior do que a contratada. Durante muitos anos, na falta das plantas originais --agora encontradas-- houve duas correntes distintas de opinião: Os defensores da "fidelidade" das plantas, ou seja, que acreditavam que realmente os engenheiros ingleses havia levantado todo o trecho entre Santo Antônio e Guajará Mirim, e os que achavam que ela havia sido "fabricada" nos escritórios londrinos.
É importante essa observação, pois a comissão Morsing havia levado do Rio de Janeiro as plantas feitas pela P.&T. Collins e já havia "conferido-as" na extensão de 106 km, dando-as como boas. Como agora haviam sido encontradas as plantas originais (que a Public Works sempre garantiu serem genuínas e oriundas do trabalho de mapeamento do trecho entre Santo Antônio e Guajará-Mirim), bastaria "linkar" as duas plantas e conferir os primeiros kilometros da planta da Public Works para, havendo aderência entre os levantamentos, finalmente poder-se acreditar ter em mãos o futuro traçado da ferrovia.
Essa decisão foi tomada pelo Engº Morsing, então já recuperado e de volta à região, onde encontrou-se em Manaus com o que restava da comissão, chefiada pelo substituto de Morsing, o engº Pinkas, que havia retirado-se de Santo Antônio completamente depauperada. Despachadas 2 turmas de engenheiros para conferir os primeiros kilometros da planta da Public works e "linkar" o início desta com o final da planta da P.&T. Collins, trabalhos esses terminados, novamente com grandes sacrifícios, em 28.01.1884, quando o engº Camarão retornou a Manaus e informou, com grande satisfação de todos, que os dados da planta da Public Works eram bastante exatos e confiáveis, o que levou o engº Morsing a aceitar essa planta como boa e dar por encerrados os trabalhos da comissão. Naquele momento, apurou-se que o traçado da ferrovia deveria ter cerca de 361,7 km, conforme planta abaixo...
Porém, o caso das plantas ainda não estava terminado. Alegando que durante o processo em Londres havia sido afirmado que as plantas da Public Work eram falsas e que portanto o engº Morsing não as poderia ter aceito como boas, o engº Pinkas conseguiu levantar uma polêmica que convenceu o então Ministro da Agricultura a constituir nova comissão para refazer os estudos, comissão essa chefiada pelo engº Pinkas, que chegou a Santo Antônio em 20.06.1884, regressando em 10.09.1884, tendo aparentemente realizado a proeza de levantar mais que o dobro de tudo que havia sido levantado (confirmado) pela comissão Morsing em apenas 77 dias, novamente às custas de grande sacrifício em vidas humanas.
Como após 7 meses ainda não haviam sido apresentadas as plantas levantadas pelo engº Pinkas, veriifcou-se no Rio grande celeuma e debates entre facções que apoiavam o engº Morsing e o engº Pinkas, e que praticamente terminariam após denúncias de integrantes da comissão de que a planta apresentada por esse último havia sido, em realidade, forjada em grande parte nos escritórios do engº no Rio de Janeiro. Na realidade, nas duas plantas a ferrovia corria praticamente paralela, apenas diferindo no trecho entre as cachoeiras do Jirau e Guajará-Mirim, justamente o trecho dado como bom Por Morsing de acordo com as plantas da Public Works, e no local de início da ferrovia, que Pinkas estabelecia em Santo Antônio. Somente em 1912, terminada a construção da ferrovia, iria confirmar-se, com certeza, que Morsing estava correto e Pinkas errado. Abaixo, o traçado previsto de acordo com a planta de Pinkas.