domingo, 22 de julho de 2012

A Resistência Indígena na Amazônia


Na Amazônia, ainda no século XVII, houve uma época em que para cada índio capturado para a escravidão, correspondiam centenas de outros índios assassinados. Era a resistência indígena frente aos conquistadores coloniais portugueses.
O índio não ficou de braços cruzados, indiferente ou calado diante da opressão imposta ao seu povo. Ele não admitiu pacificamente ser submetido à escravidão, ao trabalho forçado, à humilhação e à violência. Acostumados, como sabemos, a não gastar mais que 3 horas do dia no trabalho para assegurar sua subsistência, o qual era realizado por todos os homens da tribo, em comunidade, os índios colocaram-se contrários às longas horas forçadas de trabalho escravo imposto pelo invasor português, o qual taxou os índios de preguiçosos, lerdos, selvagens e outros preconceitos que, ainda hoje, muita gente desinformada, por aí vive repetindo.
Porém, ao contrário de todas as idéias falsas, passadas pelo colonizador e herdadas por muitos de nós sobre os índios, esses queriam apenas que seu modo de vida, sua terra e sua liberdade fossem respeitados.
Por isso, a maioria dos povos indígenas foi-se revoltando contra os colonizadores portugueses. Tupinambás, nheengaíbas, tapajós, omáguas e tantos outros pegaram suas armas, um a um - pois cada um era um povo, uma nação -, e rebelaram-se contra aqueles que pretendiam escraviza-los, lutando, inúmeras vezes até a extinção total do povo. Por esse motivo também, podemos falar com orgulho dos índios tal como falou o historiador romano Salústio (88-35 a.C.) dos ex escravos comandados por Espártaco, líder da maior rebelião da antiguidade contra o escravismo: “ lutando pela liberdade até o limite de suas forças, os rebeldes morreram como guerreiros e não como escravos”.
A conseqüência direta disso é a constatação de que, em setenta anos de colonização portuguesa, os índios do delta do Amazonas foram extintos, forçando os colonizadores a penetrarem ainda mais em direção à Amazônia ocidental.

Aleks Palitot
Historiador


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Despedida da Rede TV Rondônia


Até aqui viajamos juntos. Passaram vilas e cidades, cachoeiras e rios, bosques e florestas... Não faltaram os grandes obstáculos. Freqüentes foram as cercas, ajudando a transpor abismos... As subidas e descidas foram realidades sempre presentes.
Juntos, percorremos retas, nos apoiamos nas curvas, descobrimos cidades. Chegou o momento de cada um seguir à viagem sozinho.
Deixo o grupo SGC e Rede TV Rondônia com a consciência de dever cumprido. A parceria de 3 anos e 8 meses contribuiu certamente para a luta pela preservação da História de Rondônia, motivo pelo qual o Trilhando a História foi criado.
Quero agradecer imensamente ao Diretor Geral Sergio Demomi, homem íntegro, guerreiro e audaz. A Fábia Cardoso pelo respeito e profissionalismo que sempre me tratou. Ao Adão Gomes um cavalheiro do Jornalismo de Rondônia, sempre pronto a me ajudar. Ao André Diretor de TV que nunca me deixou na mão e sempre foi amigo e companheiro. Ao Lawrence Pataka, editor e humorista de todas as horas; rimos muito nas edições. A Alisânlega Lima, grande jornalista e de um caráter digno de muitos elogios. Ao amigo Santiago do Roa, mais que amigo, sempre um irmão. Ao Thiago que sempre esteve de prontidão para ajudar a equipe do Trilhando. Ao amigo Marcelo Bennesby pela amizade sincera e até pelas piadas ao vivo desconcertantes. Ao pessoal do Shop TV que sempre me tratou com muito carinho. A Toda equipe de Jornalismo do grupo, sempre atentos e amigos do Trilhando. A equipe técnica do grupo, câmeras, produtores, motoristas e colaboradores, sempre corteses.
É necessário mudanças em minha vida e no Programa Trilhando a História. Passei por momentos difíceis este ano, perda de entes queridos de minha família e entre estes meu irmão Fábio Palitot. Além do mais, necessito finalizar meu Mestrado que requer nesse momento mais dedicação.
O programa vai ganhar mais espaço para a luta de preservação de nossa história. Em outubro, Rondônia vai conhecer muito mais do que sua história, vai descobrir sua identidade nos lugares mais distantes e esquecidos da Amazônia. Vamos ter orgulho de ser de Rondônia, de sermos rondonienses e rondonianos.
Que as experiências compartilhadas no percurso até aqui sejam a alavanca para alcançarmos a alegria de chegar ao destino projetado.
A nossa saudade e a nossa esperança de um reencontro aos que, por vários motivos, nos deixaram, seguindo outros caminhos.
O nosso agradecimento àqueles que, mesmo de fora, mas sempre presentes, nos quiseram bem e nos apoiaram nos bons e nos maus momentos. Dividam conosco os méritos desta conquista, porque ela também pertence a vocês. Uma despedida é necessária antes de podermos nos encontrar outra vez.
Que nossas despedidas sejam um eterno reencontro.

Aleks Palitot
Professor e Historiador
E acima de tudo Rondoniense

terça-feira, 17 de julho de 2012

A Catedral do Coração da Amazônia


Catedral Sagrado Coração de Jesus - Porto Velho
Em 1600, os Jesuítas começaram a evangelizar as aldeias ao longo do Rio Madeira: o Pe. João Sampaio foi o grande apóstolo. No fim de 1700, apareceram nesta região os Padres Diocesanos e também Carmelitas e Franciscanos. A região pertencia a jurisdição do bispo do Pará. Em 1872, iniciou-se a construção da Ferrovia Madeira-Mamoré, dando começo aos primeiros povoados na área. Em 5 de setembro de 1850 foi criada a Província do Amazonas pela Lei n° 382, assinada por D. Pedro I.
Início da construção - Porto Velho - Rondônia
Em 27 de abril de 1892 foi instituído o Bispado de Manaus, pelo Papa Leão XIII, com a bula AD UNIVERSAS ORBIS ECCLESIAS, desmembrado da Diocese de Belém do Grão-Pará. A Vila de Porto Velho, à margem direita do Rio Madeira, no início do século XX, tinha pouco mais de 500 habitantes. Em 02 de outubro de 1914 foi elevada à Município pela lei n° 757, assinada pelo governador Jonathas Freitas Pedrosa, do Amazonas.
Em 1917 o Pastor Miles oficiava o culto num barracão da Companhia Madeira-Mamoré Railway. Nesse período (1917-1918) a diretoria da CMMR comunicava os dias de feriados da Semana Santa, de S. Pedro e outros.
vitrais da Catedral - Porto Velho
No dia 03 de maio de 1917 foi abençoada a primeira pedra da futura Catedral. Em 1° de maio de 1925, o Papa Pio XI criou a Prelazia Nullius de Porto Velho, pela Bula INTER NOSTRI, nomeando Dom Pedro Massa, Salesiano, conduzido esta Igreja até 1982. Dom João cuidou desta Catedral como a pupila dos olhos, embelezando-a e enriquecendo-a.
A história da Catedral Sagrado Coração de Jesus, localizada à Rua D. Pedro II, Praça Padre João Nicoletti no centro de Porto Velho, começa a partir de 1927, quando alguns padres salesianos iniciaram a sua construção, tendo o próprio Padre João Nicoletti, em 1928 iniciado a ampliação da igreja. Para se ter uma idéia, o tijolo foi feito no mesmo local, as telhas vieram de Belém-PA, a madeira tirada daqui mesmo. A população de Porto Velho, desde o início colaborou muito, em clima de mutirão.
Na verdade houve a construção de uma primeira Capela, iniciada no dia da Assunção de 1921 e inaugurada em 7 de setembro de 1922. Ficava no lugar onde está localizado o Palácio do Governo de Rondônia. Mas não resistiu a uma tempestade e desmoronou. Daí se escolheu outro lugar mais distante em terreno firme.
O projeto era do engenheiro Francisco Alves Erse, o mestre de obras chamava-se José Ribeiro de Souza Junior. O responsável pela construção da Cúpula da Catedral veio da localidade de Humaitá-AM, o senhor Mestre de Obras Crisóstomo Nina Palitot. Era uma construção sólida, retangular, com as paredes em alvenaria, tendo as mesmas espessuras de meio metro. A fachada era imponente. A construção estendeu-se numa área total de 200 metros quadrados.
Em 1940, o artista ebanista, Pedro Renda, português, decorou o teto em madeira esculpida e pintada (estilo cassettone), constituindo-se, ainda hoje, em um monumento de arte. O estilo da Catedral começava a ser definido: clássico-romântico-colonial. Assim, com pinturas em sua paredes, o templo recebeu pelas mãos dos padres Ângelo Cerri e Francisco Pucci, um toque de arte. O primeiro, argentino, salesiano, artista plástico, ampliou o presbistério (1955), levantou a abóboda, pintou vários afrescos, alguns diretamente nas paredes inferiores.

Fachada

É em estilo romântico colonial, com duas torres simétricas cujas agulhas alcançam o ponto mais alto do templo (35m). Em cima da entrada principal há uma sacada com quatro colunas. A parte central foi construída em 1929 pelo Pe. João Nicoletti. As torres em 1944 pelo Pe. Ângelo Cerri. Na parte mais alta do centro da fachada há uma artística estátua do Sagrado Coração em bronze fundido, do século XVIII, proveniente da França.

Os Sinos

Erguidas as duas torres campanárias (1944), era necessário dota-las de sinos. O Sr. Aluísio Pinheiro Ferreira, governador da época do Território do Guaporé, presenteou a Igreja com quatro sinos fundidos em São Paulo. A altura do sino maior é 1.80m, pesando duas toneladas.

Vitrais da Catedral

As famílias da cidade de Porto Velho, doaram os vitrais historiados, confeccionados em São Paulo-SP, pelos artistas da empresa ZUCCA CIA, em 1963. Filtram luzes em cores, criando um clima de misticismo. Cobrem uma área de 147m². Os vitrais são me vidros fundidos e rejuntados com chumbo. As decorações em torno dos vitrais reproduzem linhas góticas, com arco em triângulo isósceles. As partes inferiores reproduzem desenhos simétricos e decorações de símbolos da tradição religiosa.
Em 24 de maio de 1978, o Núncio Apostólico Dom Cármine Rocco, presidiu a cerimônia de consagração do templo.
Em 1986, é levantado o altar basilical em mármore nacional. Ao lado do altar, no chão, encontra-se o túmulo do Pe. João Nicoletti, construtor da Igreja.

Aleks Palitot
Historiador