Rondônia e suas identidades
Programa de TV 'Trilhando a História' mostra marcos históricos, a culinária local, festividades, figuras relevantes do estado, com uma narrativa de programa de esportes radicais e entrevistas.
Ronaldo Pelli
Diga sem pensar muito: o que você sabe sobre Rondônia? Infelizmente, é incomum encontrar um grande conhecedor sobre um dos extremos geográficos do Brasil entre os que vivem longe da Região Norte e da Floresta Amazônica. Para tentar contar a história desse estado de menos de 30 anos e mostrar a identidade de rondonienses (nascidos em RO) e rondonianos (os que adotaram o estado para viver), Aleks Palitot apresenta o programa “Trilhando a História”, que passa na Rede TV Rondônia e em toda a América Latina pela transmissão via antenas parabólicas.
“Sou de Rondônia e não de Roraima”, fala Palitot, afirmando ficar irritado com quem confunde ou não se importa com os estados. “[Muitos] acham que aqui só tenha índio – têm sim e com muito orgulho – mas não significa que índio não seja pessoa, nem que os que vivem aqui, na construção desse estado, sejam selvagens. Mais selvagem é aquele que é indiferente com o Norte do Brasil.”
Palitot, que é formado em História, com mestrado em História Contemporânea e cursando o segundo mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, explicou, então, para quem não conhece o estado, quem é, ou melhor, quem são os moradores de Rondônia:
“Temos vários tipos de rondonienses. O do beiradão, que vive da pesca, da coleta na floresta e das pequenas plantações de várzea nas beiras dos rios. Temos o rondoniense do Sul do Brasil, que veio na década de 1970 ocupar a região e aqui deixou sua marca, parte de suas tradições gaúchas e juntou com a da Amazônia. Temos o rondoniense agricultor e pecuarista. Temos o rondoniense tradicional, herdeiro e descendente da construção da estrada de Ferro Madeira Mamoré, ou das linhas Telegraficas de Rondon. O rondoniense quilombola que luta pelos seu valores afros, homens e mulheres que representam um passado de exploração no Vale do Guaporé durante o ciclo do ouro e a construção do Real Forte Príncipe da Beira em 1776. Temos os ex-seringueiros do ciclo da borracha, ou os descendentes da construção da BR 29 ou 364.”
O professor, que se esforça para conciliar o trabalho na sala de aula, com o de apresentador e também com o papel de estudante, contou que o programa nasceu quase sem querer. Segundo explicou, ele leva seus alunos para “excursões pedagógicas” e grava as viagens. Um produtor do SBT local descobriu os vídeos e o procurou, mas Palitot achou que era uma piada.
“Quando, então, o [produtor] Marcelo [Suzukki] foi ao colégio a ficha caiu. Ele adorou a filmagem caseira e me convidou para fazer na TV aquilo que normalmente faço em sala de aula ou fora dela nas atividades de campo. Assim, aceitei e na primeira filmagem que era o piloto do programa, deu tão certo que logo foi pro ar!”
Desde 2008, já foram 189 programas produzidos, que retratam marcos históricos, a culinária local (tacacá, vatapá, tambaqui na folha da bananeira, tapioca), festividades, figuras relevantes, a própria escola em que trabalha, uma das mais tradicionais do estado, mostrando a história com uma narrativa de programa de esportes radicais e entrevistas de celebridades.
Além desses, há mais dez editados, esperando o fim das “férias” para serem exibidos. As férias vêm entre aspas porque, apesar de até 22 de fevereiro não ter nenhum programa inédito na TV, a equipe do programa continuou a trabalhar, viajando para o Peru e gravando nas cidades de Nasca, Paracas, Machu Picchu, Cusco e Arequipa. Mas as viagens não acabam no Peru: “Teremos gravações esse ano em tribos indígenas, em Ouro Preto-MG, em Roraima, Mato Grosso, Acre, Bolívia, Venezuela e, claro, em todo o Estado de Rondônia”, conta Aleks, demonstrando que Rondônia é o início e o fim do programa.
Bem legal a matéria. Parabéns!
ResponderExcluir"Selvagem é aquele que é indiferente com o Norte do Brasil.” Isso dispensa qualquer outro de tipo de comentário, Disse tudo!
ResponderExcluirEu imagino como toda a equipe do trilhando á história deve ter ficado radiante com a matéria, esse sentimento de nacionalidade e civilidade que o programa traz consigo, me faz ficar tão feliz quanto vocês...É ORGULHO mesmo de letras grandes que enchem os olhos, só para tentar um pouco transmitir essa sensação grandiosa de ser RONDONIENSE! O Trilhando que surgiu quase sem querer tornou-se o maior representante de Rondônia atualmente, e com essa matéria nos dá uma impulsão muito grande do nosso estado para o Brasil ele não só mostra Rondônia ou o norte do Brasil, mas pessoas preocupadas na formação de um Mundo preservado ambientalmente e culturalmente. É de nosso desinteresse que alguns poucos se apossam do que nós abdicamos.
Abraços a todos.