Margem do antigo Rio da Dúvida renomeado por Rondon como Rio Roosevelt - 1914 |
Parte 1 – Estratégia
São muitos
os questionamentos sobre tamanha façanha de um ex-presidente americano que se
aventurou na região do atual Estado de Rondônia. Um homem habituado a tomar
decisões que afetavam a vida de muitos compatriotas quando ainda era presidente
da nação americana. Agora, em meio a grande floresta Amazônica, tal personagem teria
sido reduzido a um encarcerado de uma prisão inglória com animais selvagens,
povos indígenas, insetos e trilhas desconhecidas. As decisões que anteriormente
eram tomadas na Casa Branca quando ainda era presidente do Estados Unidos, e afetavam
diretamente o mundo através do Imperialismo Americano, agora definiriam a
sobrevivência de um aventureiro que um dia fora poderoso, e na floresta será um
simples mortal diante das surpresas que um ambiente selvagem e desconhecido lhe
reservava.
Ex-presidente americano Roosevelt |
Para
muitos, Marechal Rondon teria sido vítima de uma ordenação e obrigação de
acompanhar o Presidente Theodore Rooselvet na sua empreitada no vasto
desconhecido da Amazônia. Com muita desconfiança e desconforto Cândido Rondon
segue na missão de apresentar o “Eldorado Verde” ao celebre visitante.
Desconfiança oportuna já que Rondon não se alegrava nos interesses e cobiça
internacional pela riqueza da nossa floresta, ainda sendo o visitante o autor
da política imperialista americana conhecida de Big Stick.
Enfim
missão dada para Rondon será sempre claro missão cumprida. O grande personagem dos
rincões da Amazônia será o guia do audacioso homem norte-americano que dizia
não temer a floresta. Mal sabia ele as surpresas que lhe eram reservadas.
Análise dos mapas por Roosevelt devidamente protegido dos mosquitos |
Paralelamente
a organização da Expedição Rondon-Roosevelt a construção das Linhas
Telegráficas na Amazônia iniciadas em 1907 pelo próprio Marechal Rondon, eram
questionadas por autoridades e políticos brasileiros, devido seu alto custo.
Somado a isso, Rondon tinha noção de que a construção da linha telegráfica
provavelmente acabaria por estancar durante os setes meses e meio em que ele
integraria a expedição. Justificaria em parte sua decisão mencionando a publicidade
que sua participação nas atividades de Roosevelt traria para o projeto
telegráfico. Acertara na sua posição, pois os jornais do Rio de Janeiro fizeram
grande alarde em torno da expedição e das obras do telégrafo de Rondon por
meses a fio. Além disso, a imprensa dera cobertura integral às conferências
sobre a viagem que Theodore Roosevelt proferiu em junho de 1914 na Inglaterra,
e também à publicação do relato de Roosevelt sobre a expedição.
Acampamento das Linhas Telegráficas - Rondon |
Mas só a
publicidade não concluiria a construção da linha. Por isso, Rondon voltou
imediatamente ao noroeste do Mato Grosso (Rondônia) para comandar a arrancada
final das obras.
Desde
outubro de 1913, viajara até o Rio de Janeiro, voltara para Mato Grosso e
conduzira a expedição de Roosevelt ao rio da Dúvida. Agora, voltava para
terminar as obras, com o pensamento fixo na data da inauguração, que fora
adiada para 1° de janeiro de 1915. Enquanto Theodore Roosevelt descansava em
seu camarote no transatlântico, e depois em sua casa em Oyster Bay, Nova York,
Cândido Mariano da Silva Rondon voltava a embrenhar-se na bacia amazônica para
iniciar a fase mais difícil e crucial da construção do telégrafo.
Durante a
Expedição Roosevelt era o comandante titular, e Rondon não tinha escolha a não
ser respeitar a vontade do americano. Assim, recordaria mais tarde, respondeu a
Roosevelt que estavam ali para acompanhá-lo e guiá-lo pela selva e que
executariam os serviços de acordo com sua vontade. E concluiria que, por essa
razão, o levantamento prosseguiu sem que pudessem obter todos os benefícios dos
recursos técnicos que dispunham e com os quais haviam realizado um trabalho
suficientemente exato e correto.
Roosevelt e Rondon |
Ainda no Rio
de Janeiro onde o presidente americano desembarcara, Rondon propôs ao Roosevelt
a exploração do Rio da Dúvida em vez de uma simples caçada no noroeste
brasileiro, e Theodore aceitou a proposta com entusiasmo. Rondon tinha quase
certeza de que esse rio desaguava no Madeira, mas seu curso ao norte nunca fora
mapeado ou explorado, o que explica seu nome. Para chegar ao rio, a expedição
primeiro partiria do posto de abastecimento da comissão em Tapirapuã até a
linha telegráfica em Utiariti. Em seguida, os homens acompanhariam a linha
telegráfica por aproximadamente 250 quilômetros até as cabeceiras do Rio da
Dúvida. Esse novo e decididamente itinerário preocupou o ministro das Relações
exteriores, Muller, que alertou Roosevelt sobre os perigos. Afinal, durante a
jornada o presidente completaria 55 anos.
Acampamento da Expedição - 1914 |
Durante a
aventura na Amazônia de Rondônia, os insetos e as doenças estarreceram os
americanos. Nuvens de praga exasperavam os homens. Borrachudos, abelhas
Lambe-suor e maribondos picavam-nos por cima dos chapéus e das luvas.
Carrapatos cobriam-lhes as roupas. Formigões de três centímetros de comprimento
tinham uma ferroada “parecida com a de um escorpião pequeno”, Roosevelt
reclamou.
Roosevelte em Conferência Científica na Inglaterra - 1914 |
Em 26 de
abril de 1914 o exausto grupo aproximou-se da confluência dos rios Aripuanã e
Dúvida. Rondon rebatizara este último com o nome de Roosevelt. Ali as bandeiras
do Brasil e dos Estados Unidos tremularam no alto do acampamento comandado pelo
tenente Pirineus de Sousa. Em 59 dias, os membros da expedição haviam
percorrido cerca de 640 quilômetros. Tolhidos pelas corredeiras, haviam levado
48 dias para avançar pelos primeiros 270 quilômetros. Agora, bebiam e
banqueteavam com a comida que o grupo auxiliar do tenente Pirineus lhes
trouxera.
Em 30 de
abril membros da expedição foram a Manaus via Rio Madeira, e ali médicos
brasileiros providenciaram tratamento para uma das pernas ferida de Roosevelt.
Rondon
voltou ao Rio de Janeiro no início de 1915, foi aclamado por seus esforços
tanto na expedição Rondon-Roosevelt e na construção das Linhas Telegráficas e,
para platéias lotadas, fez conferências empolgantes sobre as heróicas
realizações da comissão.
Aleks Palitot
Historiador
reconhecido pelo MEC pela portaria n° 387/87
Diploma n°
483/2007, Livro 001, Folha 098
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