terça-feira, 27 de novembro de 2012

Revivendo as aventuras de Rondon


A história é testemunha que Mariano da Silva Rondon realizou grandes trabalhos na Amazônia, principalmente em Rondônia nos períodos que compreendem 1907 à 1915, quando foram construídas as Linhas Telegráficas de Mato Grosso ao Amazonas. Quis o destino que este descendente de índio, fosse incumbido pelo presidente da República Afonso Pena, de ligar o norte do país ao sul através das linhas de telégrafo. Mas isso não bastava para esse grande homem, ele queria mais. Foi Rondon o responsável por grandes descobertas geográficas, hidrográficas, geológicas, botânicas e zoológicas em Rondônia. A missão não ficaria resumida aos postes do telégrafo e suas estações, mas também a fazer análises do solo, fauna e flora, e além de tudo, contactar os povos indígenas e tentar minimizar o impacto ocasionado pelo avanço do homem branco na floresta Amazônica.
Foi tentando reviver as aventuras de Marechal Rondon que o Trilhando a História junto a Amazônia Vertical, realizaram uma Expedição ao Vale do Apertado no município de Pimenta Bueno no interior do Estado de Rondônia, local descoberto pelo sertanista Rondon, provavelmente em 1909, quando ele chega na região através dos rios Barão de Melgaço e Pimenta Bueno.
Depois de ter partido das margens do rio Juruena e demandarem 50 dias de viagem, empregados todos eles, em trabalhos preliminares, para fixação da rota, estabelecerem acampamento junto ao rio que Rondon denominou de Comemoração de Floriano e, mais adiante, ele próprio, o reabatizou em 22 de julho de 1909 com o nome atual de Melgaço. É justamente entre esses dois rios que existe um lugar encantador, e para muitos, difícil de se acreditar que exista em Rondônia, justamente pelo fato de não existirem políticas públicas efetivas para o turismo dentro do estado, que resulta no desconhecimento pelos próprios rondonienses, das belezas naturais que existem em Rondônia e não são exploradas e muito menos divulgadas.
O Trilhando a História aproveitou as atividades da empresa de Turismo de Aventura Amazônia Vertical, para gravar dois programas para TV Record. A Expedição ao Vale do Apertado ocorreu no mês de outubro e durou três dias. Os membros da Expedição puderam conhecer mais de 16 cachoeiras existente no lugar, além claro que fazerem inúmeras trilhas, acamparem na floresta, fazerem uma tirolesa em uma cachoeira de 90 metros e ponto alto das atividades radicais que foram dois rapeis, um na gruta dos morcegos, que possui uma atura aproximada de 30 metros, e posteriormente um rapel em uma cachoeira de 40 metros, algo impressionante pela beleza do lugar.
Sem sombra de dúvida Rondônia é um estado inexplorado no que tange o turismo de selva e aventura. Logo esse grande estado no meio da Amazônia, com potencial turístico latente, sendo pertinente a ausência dos gestores públicos em todas as esferas, no planejamento sustentável dos roteiros para o turismo em Rondônia.
Rondônia é um estado rico em história, patrimônio, cultura, natureza, ecologia e meio ambiente, é necessário urgência para o fomento de atividades que levem as mais diversas opções de turismo e roteiros na região.

Aleks Palitot

Historiador reconhecido pelo MEC pela portaria n° 387/87
Diploma n° 483/2007, Livro 001, Folha 098.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Expedição Vila Bela 2012 Objetivo


Ruínas da Igreja Matriz de Vila Bela construída em 1769

Conhecer a história de perto, viver ela e sentir o ambiente que foi palco de acontecimentos do passado, contribui para um melhor aprendizado da história e da geografia do norte do país. Sendo assim, o Colégio Objetivo em mais uma iniciativa de suas Expedições Pedagógicas, nos dias 15,16,17 e 18 de novembro, levou os alunos dos segundos anos do Ensino Médio das unidades 1 e 2, para o Estado do Mato Grosso em Vila Bela da Santíssima Trindade, primeira capital daquele estado, é um dos municípios com maior potencial turístico de Mato Grosso.
Os alunos do Colégio Objetivo visitaram o centro de Vila Bela, onde estão as ruínas de uma catedral do período colonial. Ela é um símbolo da cidade e constitui o marco de uma história que começa em 1752 . Eles puderam aprender com o auxilio do professores Ruzel Costa (Geografia) e Aleks Palitot (História), que naquela época, a descoberta de riquezas minerais na região do Rio Guaporé fez com que Portugal se apressasse em povoá-la, temendo que os vizinhos espanhóis fizessem o mesmo. Foi, então, criada a Capitania de Mato Grosso e sua capital instalada em 19 de março de 1752 com o nome de Vila Bela da Santíssima Trindade.

Cachoeira dos Namorados em Mato Grosso
Além de conhecer os aspectos históricos e culturais da região como as festividades locais e tradicionais, os aventureiros do Objetivo visitaram o antigo Palácio dos Governadores e as ruínas do antigo Porto Colonial de Pouso Alegre na região. O ponto alto da Expedição sem sombra de dúvidas foi as trilhas até a Cachoeira dos Namorados, uma queda d’água de noventa metros, e a caminhada de uma hora até o Vale das Cachoeiras onde existe mais sete cachoeiras. Mas o objetivo dos expedicionários era chegar até o Poço Azul, um lugar mágico pelas belezas naturais e rico em história também, por ser no passado a rota de fuga dos escravos do Vale do Guaporé. A água do poço é cristalina de uma cor azul turqueza e para completar o lugar é cercado por dois paredões da Serra Ricardo Franco, cada um destes com quinhentos metros de altura.
Poço Azul no Vale das Cachoeiras em Vila Bela
A grande lição e o grande aprendizado dos alunos também, foi sobre a preservação do patrimônio histórico, exemplo em Vila Bela, algo que poderia ser seguindo aqui em Rondônia. Eles puderam compreender que patrimônio cultural é o conjunto de manifestações, realizações e representações de um povo, de uma comunidade. Que ele está presente em todos os lugares e atividades: nas ruas, em nossas casas, em nossas danças e músicas, nas artes, nos museus e escolas, igrejas e praças. Nos nossos modos de fazer, criar e trabalhar. Ele faz parte de nosso cotidiano e estabelece as identidades que determinam os valores que defendemos. É ele que nos faz ser o que somos. Quanto mais o país cresce e se educa, mais cresce e se diversifica o patrimônio cultural. O patrimônio cultural de cada comunidade é importante na formação da identidade de todos nós, brasileiros.

domingo, 11 de novembro de 2012

Gestão Ambiental e Sustentabilidade na PORTO FGV


Acadêmicos da PORTO FGV com a Comitiva de historiadores peruanos
Em 2012 várias nações do globo se reuniram no Rio de Janeiro para discutir temas de extrema relevância para a humanidade. Entre tantos temas que abordavam as conferências e núcleos de discussões, a Gestão Ambiental e o Desenvolvimento Sustentável também foram parte do debate da RIO Mais 20.

Pensando nisso a Faculdade Porto Velho FGV, no curso de Administração, resolveu através da disciplina eletiva Gestão Ambiental ministrada pelo Professor Aleks Palitot, proporcionar aos acadêmicos do 8° período um semestre de aprendizado, conhecimento e experiências sobre o tema Sustentabilidade. Na parte final da disciplina, foram feitos seminários na primeira semana do mês de novembro de 2012, com intuito de aprofundar ainda mais a discussão sobre o tema.

Após a fase dos seminários, dia 10 de novembro os alunos puderam conhecer de perto uma projeto sustentável que existe em Porto Velho, através da empresa turística Águia Tours, liderada pelo Comandante Ribeiro. O projeto sustentável consiste em um passeio de lancha com uma aula barco durante o percurso pelo Rio Madeira. O Comandante Ribeiro faz comentários, com informações históricas, ambientais e culturais sobre todo o trajeto do passeio, que leva cerca de uma hora.
Durante a atividade os alunos puderam perceber o funcionamento de um projeto sustentável que foi financiado pelo Banco da Amazônia, e assim, na prática entender a funcionalidade do mesmo.
No final do passeio os acadêmicos tiveram a oportunidade de conhecer os membros da Comitiva Peruana, que esteve na cidade de Porto Velho recentemente, para uma parceria com o Governo do Estado de Rondônia, que objetiva resgatar o patrimônio histórico da Estrada de Ferro Madeira Mamoré que este ano completou cem anos de inauguração. Foi oficializado também, um convite formal pelos historiadores peruanos Oscar Ferreyra e Dr. Francisco Pantigoso, para que os alunos visitem o Museu do Instituto de Estudos Históricos do Pacífico em Lima em fevereiro, acompanhando a Segunda Expedição Machu Picchu Objetivo, que partirá de Porto Velho em 2013.

domingo, 4 de novembro de 2012

UM TREM CHAMADO COOPERAÇÃO PERU - BRASIL

Dr. Pantigoso em entrevista para o Trilhando a História em Lima -Peru
Historiador Aleks Palitot e Historiador Peruano Dr. Ferreyra em Lima - Peru
Este ano 2012 comemora-se o centenário da construção da mítica Estrada de Ferro Madeira Mamoré. E esta efeméride tocou as portas do Peru, como se os trilhos mágicos desse trem quisessem estender-se até a terra dos Incas.
O Instituto de Estudos Históricos del Pacifico (INEHPA), teve a iniciativa do seu Diretor Legal, o peruano - brasileiro Dr. Francisco Pantigoso Velloso da Silveira, amigo há muitos anos da integração econômico – cultural Brasil e Peru, vai estar presente em Porto Velho, entre os dias 7 e 11 de novembro, com a finalidade de visitar as áreas onde estiveram os trilhos e ter diversas reuniões de trabalho com os representantes da SETUR (Superintendência Estadual de Turismo de Rondônia) , SECEL (Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer), SEMDESTUR (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo) e da SEDES (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e Social), além de uma visita protocolar ao Governador Dr. Confúcio Moura.
 O evento foi batizado de “Cooperação cultural e turística Brasil e Peru, no centenário da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM)”.
No próximo dia sábado 10, o INEHPA oferecerá uma palestra que versará sobre as atividades do Instituto peruano em Lima, o Museu, trabalho de investigação recente no Acre (posta em valor dos objetos da Guerra Acreana), a riquíssima história das ferrovias peruanas, pesquisas de arqueologia ferroviária no Peru, e a divulgação de varias dicas novedosas sobre a EFMM, obtida de fontes internacionais.
 Estará presente nesse dia, o associado ao Instituto, Dr. Elio Galessio, um dos mais destacados especialistas em trens no Peru. Também acompanhará todas as atividades em Rondônia o reconhecido historiador e especialista na vida dos séculos XIX e XX, Dr. Oscar Ferreyra Hare, Diretor fundador do INEHPA, autor de livros como “O Soldado desconhecido”, investigação antropológica e arqueológica sobre um jovem soldado encontrado pelo Instituto nas areias desérticas de Lima, oculto em uma trincheira das batalhas da Guerra do Pacifico em 1881. Essa investigação concluiu com o enterro daquele soldado peruano de 16 anos na Cripta dos Heróis, com solenidades de Estado.
 O objetivo desta visita dos amigos peruanos segundo o Dr. Ferreyra, é consolidar um projeto integral de posta em valor dos diversos objetos da EFMM, colaborar na configuração de um Museu de alto nível sobre a ferrovia, e gerar um livro sobre a EFMM com os documentos que estão sendo resgatados de fontes estrangeiras que cooperam com o INEHPA. Também se pretende formular um projeto de reativação de um trecho do velho trem, tendo em conta que o INEHPA tem uma longa experiência no Peru com o “turismo ferroviário”, contando com especialistas na matéria.
As atividades estarão ressaltadas com a presença do embaixador do Peru no Brasil, Dr. Jorge Bayona, quem voará de Brasília a Rondônia para participar do evento.
Simbolicamente, os trilhos da centenária Madeira Mamoré começam a renascer, trazendo e levando amizade, cultura compartilhada, revitalização da identidade cultural, e sintomaticamente partindo do Peru, um país com alta experiência em temas arqueológicos e de desenvolvimento museológico, graças a sua riqueza histórica milenar.
Novamente escuta-se seu apito, ao longe, como anunciando um novo dia, cheio de união dos nossos povos. “Uma bela homenagem também as centenas de operários que de todo o mundo chegaram para a construção da EFMM entre 1907 e 1912, e que morreram na Amazônia, e entre eles se contam muitos peruanos” – explica com emoção o Dr. Pantigoso.
Fonte: Assessoria da Comitiva Peruana

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O Regatão na Amazônia


Percorrendo os rios da Amazônia, em pequenos barcos ou mesmo canoas, havia a figura do regatão, que se ocupava do comércio.
Desde o século XVIII, esse comerciante dos “rios” atuava na região. Com advento do sistema de aviamento, a ligação entre seringalistas e casas aviadoras, o regatão passou a funcionar clandestinamente, comercializando à noite, visando escapar da vigilância dos proprietários dos seringais.
Os portugueses e caboclos, os quais exerceram a atividade no início, foram substituídos pelos sírios, pelos libaneses e pelos judeus no decorrer do século XIX.
Apesar de serem perseguidos por seringalistas e aviadores, correr riscos, os comerciantes de regatão insistiam na atividade, negociando clandestinamente com os seringueiros a troca de mercadorias ou dinheiro pela borracha. Procurando sempre obter o maior lucro possível, face os riscos, esse comerciante regateava o preço da mercadoria comprada junto ao seringueiro, muitas vezes, ludibriando-o.
Contudo, apesar do valor negociado com o regatão ser um pouco inferior ao que era pago pelo seringalista pela sua borracha, o seringueiro recorria ao comércio clandestino do regatão como uma forma de resistência, visando suprir necessidades nunca atendidas pelos patrões do seringal.
Em Porto Velho, temos a notícia de um desses regateadores da Amazônia, a figura de Isaac Benchimol, enterrado no Cemitério da Candelária no ano de 1913. O mesmo vivia do comércio pelo Rio Madeira, oferecendo produtos dos mais diversos aos ribeirinhos, seringueiros e comunidades tradicionais.

Aleks Palitot
Historiador reconhecido pelo MEC pela portaria n° 387/87
Diploma n° 483/2007, Livro 001, Folha 098.