sábado, 30 de março de 2013

Humaitá, a princesa do Madeira

No século dezenove, mais precisamente na segunda metade do mesmo, um grande comércio de extração, compra e venda de produtos regionais, especialmente borracha, se desenvolvia nesta região, tanto as margens do Rio Madeira, como de seus afluentes e sub-afluentes, como também na região vizinha ao Mato Grosso e fronteiras com a Bolívia. Navios de grande calados, vinham de Manaus e Belém do Pará, subiam e desciam o Rio Madeira levando mercadorias e trazendo produtos.
Igreja Nossa Senhora da Conceição - Humaitá - AM
Na aventura de enriquecer fácil, não só humildes trabalhadores braçais, mas também homens de negócios, do Brasil e do mundo, vieram para cá e desafiando todos os obstáculos que oferecia a região, toda em desbravamento, como a própria floresta cheia de índios, animais ferozes e doenças, aqui se estabeleceram e com coragem heróica dominaram a todos, forjando o desenvolvimento da região, descobrindo seringais nativos e formando povoados, dos quais alguns se transformaram em vilas e cidades, como foi o caso do povoado de Humaitá.
O senhor José Francisco Monteiro, que foi o fundador de Humaitá, era homem dotado de muita prática comercial adquirida no Maranhão, de aonde acabava de chegar, estabelecendo-se no lugar Pasto Grande, algumas milhas acima da atual cidade de Humaitá, tornando-se um dos seringais mais importantes da região.
José Francisco Monteiro, fundador de Humaitá, nasceu na cidade do Porto, em Portugal, a 19 de março de 1830. Após ter iniciado os estudos nas escolas públicas da cidade natal, veio em 1840 para o Brasil e entrou para o comércio em São Luís do Maranhão. Em 1865 foi enviado a Belém, do Pará como representante de uma casa comercial. Em 1869 veio para o Rio Madeira. Em 1890 foi nomeado primeiro Superintendente de Humaitá, tendo-se isso repetido em 1902, 1908 e 1013. No ano de 1891, de Cônsul na Bolívia a ser definitivamente encarregado do Consulado e da Agência Aduaneira da República Boliviana no Rio Madeira. Faleceu em Humaitá, com 97 anos de idade em dez de outubro de 1917.

Antes do Comendador
 
Comendador Francisco Monteiro
Os padres jesuítas mantinham no Rio Preto, afluente do Rio Madeira, desde 1693 a Missão de São Francisco encarregada da pacificação dos índios Toras e Araras. Em 1835 essa Missão foi elevada a freguesia pelo governo na Província do Amazonas.
Os primeiros habitantes da região foram os indígenas, que praticavam a economia de subsistência, como a caça, a pesca, o extrativismo e a agricultura familiar. Os rios Maici e Marmelo - também chamados de rios Torá e Tenharim - abrigavam a maior parte das etnias indígenas que povoavam o lugar, sendo grandemente numerosos. As principais etnias que habitavam a região eram a Parintintin, Pama, Arara e os Mura.

A Criação do Município

Sede da Prefeitura de Humaitá no Amazonas
O município foi criado pelo Decreto Nº 31 de 4 de fevereiro de 1890, tendo sua área territorial desmembrada do município vizinho de Manicoré. A Comarca de Humaitá foi criada no ano seguinte, através do Decreto-Lei nº 95-A de 10 de abril de 1891, assinado pelo Governador Eduardo Ribeiro. Neste ano também aconteceu a fundação do primeiro jornal da cidade, O Humaythaense (o segundo jornal, O Madeirense, foi fundado anos depois, em 1917), assim como a vinda do primeiro Destacamento da Polícia Militar do Amazonas para o município. Em outubro de 1894, no auge do Ciclo da Borracha, Humaitá é elevada à categoria de cidade.

Origem do nome da cidade

Thompson relata que a palavra “Humaitá”, é de origem indígena, do tupi-guarani e seu significado é: (Hu = negro, ma = agora,itá = pedra – “a pedra agora é negra”). (Thompson, 1978, pág. 181). Já por Machado, em seu dicionário etimológico português, o significado seria derivado do tupi (“mbaitá” = Papagaio pequeno). (Machado, 2003, pág. 246). Já na língua da etnia Parintintin(“mu`tá” = Pau atravessado), pois era comum os antigos irem ao Porto da Anta, que fica atrás do primeiro mercado municipal onde existia um buraco, para fazer armadilhas e pegar caça, pescar e avistavam as toras de madeira descendo rio abaixo. (Mª. G. Parintintin, 1994). Mas seu fundador dera este nome devido a uma das batalhas que o Brasil travou contra o Paraguai no Forte Humaitá.

Aleks Palitot
Historiador reconhecido pelo MEC pela portaria n° 387/87
Diploma n° 483/2007, Livro 001, Folha 098 

segunda-feira, 25 de março de 2013

Quilombo do Piolho, resistência afro no Vale do Guaporé

O Quilombo do Piolho era constituído por africanos e crioulos, índios e caborés, fugidos das Novas Minas das lavras de Mato Grosso, onde eram escravos. O reduto abrigava uma população de quase trezentas pessoas governadas por José Piolho, substituído, após a sua morte, por sua mulher Tereza, intitulada de Rainha Viúva.
Esta é uma homenagem à Teresa de Benguela, mas também às Marias, Tia Felicidade, Mariana Crioula, Zeferina e muitas outras quilombolas que lutaram heroicamente pela libertação do povo negro.
Teresa de Benguela foi uma líder do quilombo de Quariterê, no Mato Grosso, não se sabe se africana ou brasileira. Dizem que liderou um levante de negros e índios, instalando-se próximo a Cuiabá, não muito longe da fronteira com a atual Bolívia. Durante décadas, Teresa esteve à frente do quilombo, o qual sobreviveu até 1770, século XVIII.
No período colonial e pós-colonial no Brasil, os quilombos, espaços de resistência de homens e mulheres negros, reuniam milhares de habitantes, dentre eles negros/as, indígenas e brancos pobres. Estes habitantes eram denominados de quilombolas ou mocambeiros. Estes termos aparecem na documentação desde o século XVI.
O quilombo mais conhecido entre nós é o de Palmares, localizado na Serra da Barriga, em Alagoas. Este quilombo é considerado por muitos especialistas um “estado africano no Brasil”, por outros é considerado a “República de Palmares” devido sua extensão territorial. Seu líder Zumbi dos Palmares foi decapitado, no entanto a historiografia não sabe precisar ao certo como se deu sua morte.
O que sabemos é que Zumbi faleceu no dia 20 de novembro de 1695. Por isso, o dia da Consciência Negra é comemorado nesta data, com a finalidade de homenagear toda a população negra que lutou bravamente pela libertação do açoite, que liderou levantes em busca da liberdade e que construiu o patrimônio social e cultural brasileiro.
As atividades dos Quilombolas se resumiam em caçar, pescar, derrubar mato, fazer roça, plantar e colher, criar aves, fabricar aves, produzir mel e guerrear com os índios cabixis, por causa de lhes roubarem as mulheres.
O Governo Souza Coutinho, pressionado pela corte, exigia dos mineradores o aumento de produção, esta decaia por falta de braços para o trabalho. Os escravos africanos importados de São Paulo, São Vicente e do Rio de Janeiro, reduziam-se mortos pelas endemias, fugindo para as malocas de Chiquitos e Missões Espanholas ou sumindo simplesmente sem deixar vestígios.
O problema da falta de braçais se agravava, então em reunião promovida pelos proprietários de minerações e o Governador, ficou deliberado a organização de uma Bandeira para capturar os escravos fugitivos. As despesas seriam divididas entre os mineradores, o Senado da Câmara e o Governador. O comando da Bandeira foi dado ao Sargento-MOR João Leme do Prado, que escolheu como itinerário, as cabeceiras dois rios Galerinhas, Galera, Taquara, Piolhinho e Pedra, para alcançar o quilombo, tendo por guia um escravo aprisionado que, sob tortura, informara a existência do mesmo. A Bandeira era composta de mais de trinta homens. Cautelosa, deslocando-se vagarosamente, procurando pistas e sinais dos fugitivos, passou um mês para atingir as cercarias do quilombo. Aproximaram-se ao anoitecer, organizando-se em formação de leque, até cercar completamente o povoado, passaram a noite em suas posições, executando o assalto ao amanhecer, surpreendendo totalmente os seus habitantes, que apenas esboçam uma mínima reação, sendo mortos, feridos e aprisionados.
Os homens foram concentrados em baixo de uma árvore, sob a mira dos bacamartes, os mortos enterrados, os feridos medicados e as mulheres possuídas pelos sertanistas, como recompensa e presa de guerra. A rainha Teresa de Benguela, após alguns dias, morria de inanição, pois indignada, deixou de se alimentar, ante os vexames, humilhações e desrespeito que fora submetida.
A Bandeira, após averiguar as redondezas em busca de ouro, regressou a Vila Bela, onde entrou triunfalmente, sendo recebida pelo Governador, altas autoridades e senhores e proprietários de minas. Após a cerimônia de tortura dos prisioneiros no pelourinho, o corte de uma das orelhas e marcações da letra “F”, na espádua, com ferro em brasa, os escravos foram entregues aos seus donos e à noite houve baile de gala nos salões do Palácio dos Capitães Generais, em regozijo pela vitória alcançada. Era o ano de 1770. O exemplo do bárbaro espetáculo não surtiu o efeito esperado, os escravos continuaram a fugir e novos quilombos foram organizados, entre os quais destacaram-se os Mutuca.

Aleks Palitot
Historiador reconhecido pelo MEC pela portaria n° 387/87
Diploma n° 483/2007, Livro 001, Folha 098 

quinta-feira, 21 de março de 2013

70 anos do Território Federal do Guaporé


Getúlio Vargas em visita a Porto Velho, ao lado de Aluizio Ferreira - 10.10.40 
A Elevação da região em Território Federal está intimamente ligado a liderança e atuação de Aluízio Ferreira, que articulou as forças para atingir a emancipação. A Crise da Borracha Amazônica provocada pela concorrência da Malásia, originou o abandono dos seringais e a conseqüente retirada da empresa de Farquar da administração da E. F. M. M. Em 10 de julho de 1931 inicia-se a intervenção do governo brasileiro na Ferrovia, já em 1937 o contrato é rescindido e a Ferrovia é estatizada. A Ferrovia funciona até 1972, quando é sucateado pelo 5º Batalhão de Engenharia e Construção.
Durante a Crise da Borracha amazônica nas décadas de 1920 e 1930, nem os grandes empreendimentos resistiram, como é o caso da Fordelândia, grande projeto de produção de látex no Pará de propriedade do norte americano Henry Ford. O advento do 2ª Grande Guerra e o controle japonês sobre a Malásia e Cingapura, promoveram nova corrida pela borracha amazônica.
Em 1942 foram assinados os acordos de Washington, que visavam implementar um programa denominado guerra pela borracha. Grandes levas de nordestinos chegaram a região, foi ainda criado um programa de sanitarização de algumas regiões. O Governo Brasileiro criou o Banco da Borracha, a Rubber Corporation e a Sava (Superintendência de Abastecimento do Vale Amazônico) com o intuito de quebrar a estrutura arcaica do aviamento, mas não obtiveram sucesso.
Em 13 de Setembro de 1943, foi criado o Território Federal do Guaporé, com terras desmembradas do Mato Grosso, e do Amazonas, contando, com 04 municípios: Porto Velho (capital), Lábrea, Guajará-Mirim e Santo Antônio. O primeiro governador foi o Major Aluízio Ferreira que logo após tornou-se Deputado Federal pela região, e chefe do grupo político Cutuba (situação), que conflitava-se com os Peles Curtas, sob a liderança de Joaquim Vicente Rondon e Renato Medeiros.
Em 1944 ocorreu a reorganização do mapa do território do Guaporé, que passou a contar com 02 municípios - Porto Velho e Guajará-Mirim. Em 1956, o Território do Guaporé passou para Território Federal de Rondônia na mesma época do Governo J.K foi iniciado a abertura da BR - 029 (atual - 364) que auxiliou no novo surto migratório para a região juntamente com os garimpos de Cassiterita e pedras preciosas.
No ano de 1936, Aluísio faz um discurso sobre "Uma obra nacionalista no Oeste do Brasil: a rodovia Amazonas/Mato Grosso" tambem em que, claro defende a implantação de um território englobando parte das terras tambem dos dois estados.
Já tambem em 1939, o Conselho de Segurança Nacional sugere ao presidente Getúlio Vargas a criação de territórios federais ao longo das regiões desabitadas do país. Aluísio Ferreira sugere o nome de Rondônia ao Território projetado para o alto Rio Madeira e de igual maneira que, claro a capital seja na cidade de Porto Velho, com o nome de Caiari, tambem em homenagem ao nome indígena do Rio Madeira.
Pelo decreto-lei 5.812 de 13 de setembro de 1943, o presidente Getúlio Vargas junta terras tambem dos Estados do Amazonas e de igual maneira do Mato Grosso, criando o Território Federal do Guaporé com 4 municípios. O general Rondon, supostamente por desavenças com os revolucionários de 1930, rejeita a proposta de ser seu patrono. No dia 24 de novembro daquele ano, o coronel Aluísio Ferreira toma posse na Capital Federal Rio de Janeiro como primeiro governador do recém-criado Território. D. Bento Aloisio Masella, núncio apostólico do Vaticano no Brasil, designa como padroeira do Território Nossa Senhora de Nazaré. Somente tambem em 24 de janeiro de 1944 é que, claro Aluísio assume o governo e de igual maneira instala o Território, tambem em ato no Colégio Barão do Solimões na capital do Território.

Aleks Palitot
Historiador reconhecido pelo MEC pela portaria n° 387/87
Diploma n° 483/2007, Livro 001, Folha 098

sábado, 16 de março de 2013

Muralhas da Selva


“ A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um forte, e isso é obra e serviços dos homens de El-Rei, nosso Senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalho que isso dê...é serviço de Portugal. E tem de se cumprir”
Assim, o Governador de Mato Grosso Luiz de Albuquerque de Melo P. e Cárceres, inflamado pelo desejo de cumprir a missão, de defender a região Guaporeana de possíveis invasões espanholas, determinou a construção do Real Forte Príncipe da Beira, que este ano completa 230 anos de sua inauguração. E pena que não temos muito, o que comemorar. O forte se encontra abandonado e suas estruturas estão prestes a desabar. Se não fosse o Exército Brasileiro através da 17° Brigada, que faz sua parte em cuidar e preservar o que têm, a fortaleza da floresta seria apenas uma vírgula na história de Rondônia! Uma pena as autoridades não terem a devida atenção ao monumento mais antigo de Rondônia e o maior forte do Brasil e o terceiro da América do Sul.
Comissão do Marechal Rondon no Forte em 1911
A construção do Real Forte Príncipe da Beira foi uma conseqüência direta do ciclo do ouro e marcou o primeiro processo de colonização do espaço físico do hoje, Estado de Rondônia. A sua edificação ocorreu durante o governo do Capitão General Cárceres, que havia substituído a Luís Pinto Sousa Coutinho no governo do Mato Grosso. Seu principal objetivo, era o de efetivar a política de expansão da coroa portuguesa, assegurar a posse das terras conquistadas, além de funcionar como posto avançado de vigilância e combate na defesa dos interesses de Portugal, do avanço militar e da cobiça espanhola, funcionando também como feitoria.

Estruturas internas do Forte
A escolha do local onde fora construído a grande fortaleza fixa, foi fruto de uma avaliação minuciosa, feita por técnicos e engenheiros da época, homens de grande capacidade profissional.
Quanto a situação estratégica é correta. O Forte foi construído acima da confluência dos rios Mamoré e Guaporé. Isto é, qualquer invasão por parte da América Espanhola só poderia efetuar-se descendo o Mamoré, o Beni ou o Madre de Dios.
O Real Forte Príncipe foi construído em plena floresta tropical e destinado a garantir a fixação e a defender as fronteiras da América portuguesa. Ele foi fruto do arrojo e da tenacidade de Dom Luis de Albuquerque, o Fidalgo Cavaleiro da Casa Real do Conselho de sua Majestade Fidelíssima.
A falta de recursos, as longas distâncias, a proximidade dos espanhóis e de toda a sorte de dificuldades foram impedimentos constantes. As primeiras canhoneiras das 56 que foram colocadas no forte, saíam de Belém do Pará, e demoravam cinco anos para chegarem, eram trazidas em batelões que navegavam pelos rios da Amazônia até encontrar rio Guaporé.
Baluarte do Real Forte Príncipe da Beira em Rondônia
Esse monumento da história na sua arquitetura e modelo é um quadrado no plano central, de conformidade com o sistema Vaubam (francês) ou de Praças, que utilizava principalmente a fortificação de bastiões, de 970 metros de perímetro, com uma muralha de 10 metros de altura, quatro baluartes armados cada um deles com quatorze canhoneiras.
O nome Forte Príncipe da Beira, está relacionado com uma condição de hierarquia, com um título da nobreza portuguesa. Em 1761, na cidade de Lisboa nascia o primeiro filho de Dona Maria I; que recebeu o título de Príncipe da Beira. Na verdade o seu nome era D. José Francisco Xavier de Paula Domingos Antônio Agostinho Anastácio, que faleceu em 1788.
Príncipe da Beira: D. José Francisco Anastácio
Foram anos de trabalhos árduos. Estas muralhas testemunhas hoje têmpera dos seus construtores, refletem a vontade férrea, a determinação inabalável, que os animaram para enfrentar os desafios e as adversidades resultantes da enormidade das distâncias, da agressividade da floresta e dos animais selvagens, do desgaste físico provocado pelas doenças e das investidas do oponente externo.

Aleks Palitot
Historiador reconhecido pelo MEC pela portaria n° 387/87
Diploma n° 483/2007, Livro 001, Folha 098

domingo, 10 de março de 2013

Capela de Sto. Antônio, 100 anos de Fé!

Assim que a Vila de Santo Antônio foi elevada a Município do Estado do Mato Grosso, em 1912, as obras da Capela de Santo Antônio de Pádua ainda não haviam sido concluídas.
A Capela foi edificada no alto de um pequeno morro, sendo a primeira capela construída em geográfica que hoje pertence ao Estado de Rondônia. Sob o ponto de vista arquitetônico o nome da Capela monástica é dado a pequenas igrejas que não possuem pias batismais.

Inaugurada em 1913, após 4 anos do início da sua construção, possuía altar assentado sobre um grande estrado de cedro e os esteios de madeira marmorizada formavam simples e elegantes colunas. O corpo era ladrilhado, havendo, inclusive ao lado, uma pequena sacristia.
Em 1907 dada a preferência para o início da construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, no barranco denominado Porto Velho, Santo Antônio entrou em decadência, seus moradores transferiram-se para Porto Velho, abandonando os prédios, inclusive a Capela.
Com a erradicação da E. F. madeira-Mamoré, em 1972, os prédios que resistiram ao desgaste provocado pela natureza foram demolidos, restando apenas um casarão e a Capela de Santo Antônio de Pádua.

A Igreja sofreu um incêndio no terceiro quarto do século XX, foi reformada algum tempo depois, após uma visita ao local pelo D. João Batista Costa, Padre Chiquinho e o Padre Claudionor Batista. Eles fizeram um reconhecimento do ambiente até o marco divisório dos Estados do Amazonas e Mato Grosso e pesquisaram nos arquivos da Diocese de Porto Velho o acervo fotográfico para iniciar uma campanha pela restauração da antiga Capela.
D. João Batista Costa
Foi o 5° Batalhão de Engenharia e Construção que abraçou a causa e forneceu mão de obra e material para a construção. O principal responsável pelo apoio foi o 2° comandante do 5° BEC, chamado na época de um papa hóstia de carteirinha da Catedral Sagrado Coração de Jesus.
No passado, graças ao trabalho da grande Historiadora Yêda Pinheiro Borzacov, a Capela foi tombada como patrimônio histórico do Estado de Rondônia, no dia 21 de novembro de 1985 pela Lei Estadual n° 71. O tombamento está descrito pelo número 3.125 de 3 de dezembro de 1986.


Aleks Palitot

Historiador reconhecido pelo MEC pela portaria n° 387/87
Diploma n° 483/2007, Livro 001, Folha 098

domingo, 3 de março de 2013

Os Titãns do Guaporé: Aluízio Ferreira e Cândido Rondon

Como Aluízio Ferreira se aproximou de Marechal Rondon? Essa pergunta é fácil de ser respondida apesar de algumas controvérsias. Segundo relatos do passado e as fontes documentais (livros e artigos) do saudoso historiador (com diploma) Esron Penha de Menezes; quando Aluizio, fugindo as perseguições políticas se internara nos sertões do Guaporé, encontrou nessa percorrida uma tribo de índios com tendências para pacificarem-se e com eles manteve contato estudando-lhes as características e desse fato deu conhecimento ao General Rondon em substancial relatório.
Aluízio também por um bom tempo ficou trabalhando em um seringal denominado Laranjeira no Rio Mamoré, que era de propriedade da família de Américo Casara. Isso fez dele no futuro, um grande conhecedor da extração do Látex e de como era a vida das comunidades tradicionais na Amazônia. Por conta da amizade que se inicia com Marechal Rondon, Aluízio ocupa cargos estratégicos do campo militar, administrativo e político de nossa região como veremos depois.
Aluizio Ferreira se tornara comandante da Zona Norte das Comissões Telegráficas que Rondon liderava, nela ficará de dezembro de 1928 a 1930 quando substituiu Rondon, depois de bravamente defender-lhes as atividades, os sacrifícios de 40 anos consecutivos, na gigantesca e indescritível marcha devassando regiões até então desconhecidas do homem civilizado intercomunicando-as pelo rio, chamando à civilização inúmeras nações indígenas, plantando vilas e cidades futuras, descortinando novos trechos do território pátrio, levantando-lhe, atualizando-lhe a cartografia, catalogando riquezas da fauna e da flora, e bem assim concatenando toda sua bagagem cultural, durante esse longo período, e que Rondon, pessoalmente, doara ao Museu Nacional. E defenderia Aluizio o chefe, as suas canseiras imensas, os seus empreendimentos insuperáveis, em fase bem difícil, ao calor dos antipodismos e das incompreensões humanas.
Valerá para nosso futuro histórico recordar essa passagem nobilíssima de Aluízio Ferreira, por certo e seguro desconhecida da terra nossa, pois é ele bragantino de boa cepa, à qual a sua atitude desassombrada, plena floração da Revolução de 1930, revertera, por sem dúvida, na mais justa defesa do vulto incompatível de Rondon; na motivação melhor desse preito de justiça ao nosso conterrâneo e ao seu chefe, que substituirá no 3° Distrito Telegráfico do Mato Grosso.
Em momentos futuros Aluízio assumiria missões de grande vulto, como ser o primeiro Diretor brasileiro da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré em 1931, além de também assumir o comando dos Contingentes Militares de Fronteira, construir os Campos de Aviação, rodovia Amazonas e Mato Grosso hoje BR 364 e a criação e instalação do Território Federal do Guaporé, se inscrevem e representam a seu crédito, como tributo expressivo de seus altos serviços à coletividade.

Aleks Palitot
Historiador reconhecido pelo MEC pela portaria n° 387/87
Diploma n° 483/2007, Livro 001, Folha 098