Às margens
do Guaporé, no hoje Estado de Rondônia, a noroeste do Brasil, ergueu-se as
seculares muralhas do Real Forte Príncipe da Beira. Implantá-las em sítio ainda
hoje de difícil acesso, representa um feito extraordinário e uma relíquia da
engenharia militar portuguesa, engastada na Floresta Amazônica.
Com o
objetivo precípuo de defender o imenso território colonial português(Brasil),
sentiram os colonizadores portugueses a inevitável necessidade de edificar fortificações,
em pontos estratégicos do imenso território colonizado. Fortaleza que foi
abandonada em 1889 durante a Proclamação da República e redescoberta por
Marechal Rondon em 1914.
Foram anos
de trabalhos árduos. Estas muralhas testemunham hoje a têmpera dos seus
construtores, refletem a vontade férrea, a determinação inabalável, que os
animaram para enfrentar os desafios e as adversidades resultantes da enormidade
das distâncias, da agressividade da floresta e dos animais selvagens, do
desgaste físico provocado pelas doenças e das investidas do oponente externo.
Cessadas
as ameaças externas contra as quais se ergueu o Forte Príncipe da Beira, esteve
por longos anos desguarnecido, abandonado, a floresta chegou a apagá-lo do
conhecimento e da memória nacional. Gerações de brasileiros ignoravam a sua
existência, até que, em 1914, Cândido Rondon o reencontrasse. De 1930 para os
nossos dias, O Exército brasileiro voltou a guarnecê-lo.
Os homens
do século XVIII, ao construírem esse Forte, deram seu trabalho e , alguns, sua
vida, visando conquistar um patrimônio não para si, mas para as gerações
seguintes. Patrimônio que, preservado a cada geração e consolidado pelo
Marechal Rondon e seus companheiros, se converterá em efetivo pólo de geração e
riquezas para os brasileiros.
Rondon
tinha na solas dos pés o mais longo caminho jamais percorrido; andarilho
infatigável, das sendas do oeste, na patriótica faina de pacificar ao seu modo
os índios, de resgatar ao convívio nacional as distantes comunidades pelos fios
telegráficos e de abrir novos rumos para a integração das esquecidas lindes,
defrontou-se Rondon com as destruídas muralhas do velho Forte.
No ano de
1934 foi iniciado junto ao Forte, a construção de novas instalações destinadas
a um quartel que passou a servir como local onde fora sediado, durante vários
anos, o 7° Pelotão de fronteira, ligado à 6° Companhia de Fronteira, que se
encontrava instalada em Guajará-Mirim.
O Forte é
uma parte daquele passado. Ele atesta a energia,a vontade de um povo que é a
nossa raça. Da fibra dessa raça iria surgir no Guaporé o sincretismo cultural
do caboclo, dos quilombolas, dos seringueiros, dos povos indígenas. É esse povo
hoje, que defendem com suas tradições, a identidade Amazônica esquecida e
abandonada nas fronteiras. Não é apenas a Fortaleza da Floresta que está
abandonada, é o povo ribeirinho do Guaporé, que seguem com suas vidas com todas
as dificuldades, sem ajuda dos gestores públicos, na região que é berço da
nossa história e vida.
Aleks Palitot
Historiador
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