segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Por trás dessa obra existe um homem de uma OBRA maior


O dia 4 de janeiro, é um dia importante para a história de Rondônia. Acredito que é a data mais marcante para todos os pioneiros que acreditaram e lutaram na década de 70 do século XX, quando da criação do nosso Estado de Rondônia.
No dia 4 de janeiro de 1982 foi realizada, no Palácio Presidente Vargas, em Porto Velho, a cerimônia de instalação do Estado e posse do Jorge Teixeira de Oliveira no cargo de governador do Estado de Rondônia.

Pode ser considerado como o período de criação do estado de Rondônia, aquele situado entre 22 de dezembro de 1981, dia que o presidente da República General Figueiredo sancionou a lei que cria o Estado até o dia da criação da Assembleia Legislativa de Rondônia em 6 de agosto de 1983.
Jorge Teixeira foi uma destas forças da Natureza que de tempos em tempos aparecem entre os homens e deixam sua marca indelével na História. Só que esse grande homem, personagem de nossa história, parece no momento, ter sua história esquecida, sua passagem por nossas terras ser apagada, e todo o seu legado deixado de lado, aliás para trás. Recentemente o Exército Brasileiro, a Maçonaria, a Fecomércio, Governo de Rondônia e Fundação Rede Amazônica, unidos se empenharam na revitalização do Memorial Jorge Teixeira na antiga Residência Oficial dos Governadores em Porto Velho. Por isso, mesmo diante de tanto descaso das autoridades, ainda tenho esperança na restauração e preservação de outros espaços históricos em Rondônia.

A minha nota triste, vai para os responsáveis pela infeliz escolha, de colocar um monumento de arte moderna de tamanho considerável, em frente a estátua do fundador do Estado de Rondônia. É tão notório que a obra de arte que inclusive considero bela, encobre um outro monumento, que é impossível ver a estátua de Jorge Teixeira do ângulo da principal avenida de Porto Velho a Sete de Setembro no cruzamento com a BR 319 (antiga avenida Jorge Teixeira), onde as vezes a população nem se quer percebem que ali por de trás da dita Obra de Arte, existe uma estátua de um homem que deixou legado, que contribuiu para o surgimento do nosso estado, Jorge Teixeira de Oliveira. 

Geralmente quando pensamos em patrimônio histórico, temos a tendência natural de associá-lo somente a patrimônio material, ligado a riqueza, que são herdados ou que possuem algum valor afetivo. Porém, patrimônio não se limita apenas sentido de herança. Refere-se também, aos bens produzidos por nossos antepassados, que resultam em experiências e memórias, coletivas e individuais.
Tal herança histórica e cultural adquirida pode fornecer informações significativas acerca da história de uma região e do passado da sociedade. Por terem esse papel, acabam por contribuir na formação da identidade local, como também na formação de grupos, nas categorias sociais e no resgate da memória, desencadeando assim uma ligação entre o cidadão e suas raízes. Em vista disso, sua preservação torna-se fundamental no que diz respeito ao desenvolvimento cultural de um povo, uma vez que reflete na sua formação sociocultural. 

O que a obra de arte moderna não conseguirá de forma nenhuma, é esconder a grande obra e história em Rondônia, desse Gaúcho de General Câmara, uma pequena cidade interiorana surgida em torno de um velho Arsenal de Guerra do Exército, sua carreira militar já nasceu ali, do profundo envolvimento com as atividades armeiras em torno das quais girava quase toda a vida da pequena população. Formou-se Aspirante de Artilharia, num tempo em que a arma ainda era hipomóvel. Daí seu espírito misto de cavalariano e artilheiro, arrojado e algo romântico, mas sem nunca perder de vista o cálculo e a precisão.

Contudo, este aspecto de sua personalidade é apenas um traço referencial. Já à paisana, reformado do Exército, em 1979 chega a Rondônia com a missão de preparar a elevação do Território Federal à condição de Estado. Precedia-se a fama de melhor prefeito de Manaus dos últimos tempos, a capital do Amazonas.
Apoiado em Brasília por seu colega de turma, o Coronel Mario Andreazza, que ocupava o cargo de Ministro do Interior, a quem estava dado o comando da administração dos Territórios Federais, Teixeira pode administrar à vontade: recursos não faltavam e, se faltassem para uma dada obra, eram facilmente recambiados, de um para outro programa, por artes de remanejamentos que só o Poder Federal poderia conseguir, muitas vezes após mesmo a inauguração das obras.

Diante da escassez e das limitações dos meios de transporte locais, e face da BR – 364 que era uma verdadeira calamidade pública, o Governador-Coronel adotou o helicóptero com o mesmo desembaraço com que havia adotado o “safari” como traje de trabalho, e o indefectível gorro vermelho de pala dura dos paraquedistas com seu logotipo pessoal.
Mas talvez um dos traços que marque para sempre a história de sua passagem em Rondônia, fora o ânimo de progresso que trouxe à região e o indubitável serviço que prestou a esta terra no trabalho de torna-la apta a enfrentar o desafio da autonomia administrativa e financeira, foi sua canhestra participação na política local, ainda que seus atos, muitas vezes, beirassem o profético.  


Aleks Palitot
Historiador reconhecido pelo MEC pela portaria n° 387/87
Diploma n° 483/2007, Livro 001, Folha 098


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