quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Antes de Rondônia: Guaporé.


Jorge Teixeira, no centro o jornalista Lucio Albuquerque e o Governador H. Guedes.
O exame da história, culmina por fincar balizas num campo não conhecido pelo homem, amparando-o com informações que lhe permitam, senão um caminho seguro, pelo menos algumas alternativas de procedimento, arredando aquelas comprovadamente nefastas.
Não temos outro modo de viver. Somos impelidos cada vez mais a procurarmos por nós mesmos, através do véu do tempo. Exemplificados pelas dificuldades modernas de estudarmos o passado, temos compromisso moral de mantermos em pé nosso presente para que nossos sucessores não passem pelas aflitivas situações com que temos nos deparado.
No dia 04 de janeiro de 1982, uma nova era, para nós que nascemos ou nos integramos nesta região, se nos apresenta grave e radiante. Grave, por que novas responsabilidades iriam pesar sobre os nossos ombros. Radiante, em razão das belas oportunidades que já se nos afiguravam irreversíveis.
Entre a década de 70 e 80, cerca de 500 mil pessoas vieram para Rondônia.
Ainda é presente na memória de todos o empenho com que vários segmentos da população lutaram para que nosso Estado deixasse de ser um sonho e se tornasse um fato consumado.
As tímidas reinvindicações do início, com o passar do tempo, foram se transformando em uma avalanche irresistível, embora por caminhos diversos, os partidos políticos, de diferentes ideologias, batalhavam pelas mesmas aspirações.
Até que, empossado Governador do Território Federal o Cel. Jorge Teixeira de Oliveira, com o apoio do Presidente da República e do Ministro do Interior, arregaçou as mangas e de maneira fulminante levou a cabo a missão que lhe fora confiada: criar as estruturas necessárias para que os anseios de nossa gente fossem afinal, uma situação concreta.
Nesse dia, demos adeus ao Território e saudamos, com boas vindas, o novo Estado de Rondônia, sem nenhum desdouro àquele período de que nos despedíamos. Esse adeus definitivo, em ambiente de júbilo, trinta e nove anos antes, comemorávamos o advento do Território Federal do Guaporé, e depois Rondônia.
Presidente Vargas em visita a Porto Velho em 11 de outubro de 1940.
A luta pela instituição do Território não foi distinta. Naquela ocasião, guardadas as diferenças de tempo e realidade, também o povo desejava melhores dias e a solução vislumbrada foi o desmembramento de aéreas estaduais do Amazonas e Mato Grosso que, doravante, seriam administradas pela União.

Inauguração dos Correios por Vargas em Porto Velho.
Se Getúlio Vargas e Aluízio Ferreira pela história narradas são tidos como os principais responsáveis pelo embrião do Estado de Rondônia quando o Território Federal foi criado em 1943, no caso da preparação para se transformar em estado na década de 80, os dois grandes personagens são o esquecido governador Humberto da Silva Guedes e o sempre lembrado Jorge Teixeira, o nosso primeiro governador. Guedes é por vezes injustiçado pela história quando não é lembrado, quando justamente foi o personagem mais importante de Rondônia nessa época. Quando governador foi responsável pela criação mais municípios em Rondônia, preparou e efetivou vários projetos de colonização pelo interior, o dorso da parte estrutural e administrativa foi deixada pronta em alguns setores por ele quando assumiu Jorge Teixeira. Por Guedes tivemos a construção da antiga esplanada das Secretarias, estradas e pontes por toda Rondônia. Sem sombra de dúvida Jorge Teixeira foi um grande Governador, mas não devemos nos esquecer daquele que preparou com maestria o terreno para o seu sucessor.
O homem comum, ou não tem tempo, ou não tem interesse por essas coisas, ou ainda, não tem a capacidade mental para entender-lhes o valor. Mas as grandes obras da humanidade não foram idealizadas pelos homens comuns, em que pesem terem sido destruídos por eles.
Não nos tornemos homens comuns, e dentre eles, trabalhemos, no sentido de lhes emprestar razão suficiente para entender em que a pobreza de um passado, antes de mais nada e acima de tudo, significa que só nos aguarda um pobre futuro.

Aleks Palitot
Professor e Historiador  


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