Jorge Teixeira, no centro o jornalista Lucio Albuquerque e o Governador H. Guedes. |
O exame da história, culmina por
fincar balizas num campo não conhecido pelo homem, amparando-o com informações
que lhe permitam, senão um caminho seguro, pelo menos algumas alternativas de
procedimento, arredando aquelas comprovadamente nefastas.
Não temos outro modo de viver.
Somos impelidos cada vez mais a procurarmos por nós mesmos, através do véu do
tempo. Exemplificados pelas dificuldades modernas de estudarmos o passado,
temos compromisso moral de mantermos em pé nosso presente para que nossos
sucessores não passem pelas aflitivas situações com que temos nos deparado.
No dia 04 de janeiro de 1982, uma
nova era, para nós que nascemos ou nos integramos nesta região, se nos
apresenta grave e radiante. Grave, por que novas responsabilidades iriam pesar
sobre os nossos ombros. Radiante, em razão das belas oportunidades que já se
nos afiguravam irreversíveis.
Entre a década de 70 e 80, cerca de 500 mil pessoas vieram para Rondônia. |
Ainda é presente na memória de
todos o empenho com que vários segmentos da população lutaram para que nosso
Estado deixasse de ser um sonho e se tornasse um fato consumado.
As tímidas reinvindicações do
início, com o passar do tempo, foram se transformando em uma avalanche
irresistível, embora por caminhos diversos, os partidos políticos, de
diferentes ideologias, batalhavam pelas mesmas aspirações.
Até que, empossado Governador do
Território Federal o Cel. Jorge Teixeira de Oliveira, com o apoio do Presidente
da República e do Ministro do Interior, arregaçou as mangas e de maneira
fulminante levou a cabo a missão que lhe fora confiada: criar as estruturas
necessárias para que os anseios de nossa gente fossem afinal, uma situação
concreta.
Nesse dia, demos adeus ao Território
e saudamos, com boas vindas, o novo Estado de Rondônia, sem nenhum desdouro àquele
período de que nos despedíamos. Esse adeus definitivo, em ambiente de júbilo,
trinta e nove anos antes, comemorávamos o advento do Território Federal do
Guaporé, e depois Rondônia.
Presidente Vargas em visita a Porto Velho em 11 de outubro de 1940. |
A luta pela instituição do
Território não foi distinta. Naquela ocasião, guardadas as diferenças de tempo
e realidade, também o povo desejava melhores dias e a solução vislumbrada foi o
desmembramento de aéreas estaduais do Amazonas e Mato Grosso que, doravante,
seriam administradas pela União.
Inauguração dos Correios por Vargas em Porto Velho. |
Se Getúlio Vargas e Aluízio
Ferreira pela história narradas são tidos como os principais responsáveis pelo
embrião do Estado de Rondônia quando o Território Federal foi criado em 1943,
no caso da preparação para se transformar em estado na década de 80, os dois
grandes personagens são o esquecido governador Humberto da Silva Guedes e o
sempre lembrado Jorge Teixeira, o nosso primeiro governador. Guedes é por vezes
injustiçado pela história quando não é lembrado, quando justamente foi o
personagem mais importante de Rondônia nessa época. Quando governador foi
responsável pela criação mais municípios em Rondônia, preparou e efetivou
vários projetos de colonização pelo interior, o dorso da parte estrutural e
administrativa foi deixada pronta em alguns setores por ele quando assumiu
Jorge Teixeira. Por Guedes tivemos a construção da antiga esplanada das
Secretarias, estradas e pontes por toda Rondônia. Sem sombra de dúvida Jorge
Teixeira foi um grande Governador, mas não devemos nos esquecer daquele que preparou
com maestria o terreno para o seu sucessor.
O homem comum, ou não tem tempo,
ou não tem interesse por essas coisas, ou ainda, não tem a capacidade mental
para entender-lhes o valor. Mas as grandes obras da humanidade não foram
idealizadas pelos homens comuns, em que pesem terem sido destruídos por eles.
Não nos tornemos homens comuns, e
dentre eles, trabalhemos, no sentido de lhes emprestar razão suficiente para
entender em que a pobreza de um passado, antes de mais nada e acima de tudo,
significa que só nos aguarda um pobre futuro.
Aleks Palitot
Professor e Historiador
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