O dia 4 de janeiro, é um dia
importante para a história de Rondônia. Acredito que é a data mais marcante
para todos os pioneiros que acreditaram e lutaram na década de 70 do século XX,
quando da criação do nosso Estado de Rondônia.
No dia 4 de janeiro de 1982 foi
realizada, no Palácio Presidente Vargas, em Porto Velho, a cerimônia de
instalação do Estado e posse do Jorge Teixeira de Oliveira no cargo de
governador do Estado de Rondônia.
Pode ser considerado como o
período de criação do estado de Rondônia, aquele situado entre 22 de dezembro
de 1981, dia que o presidente da República General Figueiredo sancionou a lei
que cria o Estado até o dia da criação da Assembleia Legislativa de Rondônia em
6 de agosto de 1983.
Jorge Teixeira foi uma destas
forças da Natureza que de tempos em tempos aparecem entre os homens e deixam
sua marca indelével na História. Só que esse grande homem, personagem de nossa
história, parece no momento, ter sua história esquecida, sua passagem por
nossas terras ser apagada, e todo o seu legado deixado de lado, aliás para
trás. A cerca de quatro anos, o Exército Brasileiro, a Maçonaria, a Fecomércio,
Governo de Rondônia e Fundação Rede Amazônica, unidos se empenharam na
revitalização do Memorial Jorge Teixeira na antiga Residência Oficial dos
Governadores em Porto Velho. Por isso, mesmo diante de tanto descaso das
autoridades, ainda tenho esperança na restauração e preservação de outros
espaços históricos em Rondônia.
A minha nota triste, vai para os
responsáveis pela infeliz escolha, da última gestão do executivo municipal de
Porto Velho, de colocar um monumento de arte moderna de tamanho considerável,
em frente a estátua do fundador do Estado de Rondônia. É tão notório que a obra
de arte que inclusive considero bela, encobre um outro monumento, que é impossível
ver a estátua de Jorge Teixeira do ângulo da principal avenida de Porto Velho a
Sete de Setembro no cruzamento com a BR 319 (antiga avenida Jorge Teixeira),
onde as vezes a população nem se quer percebem que ali por de trás da dita Obra
de Arte, existe uma estátua de um homem que deixou legado, que contribuiu para
o surgimento do nosso estado, Jorge Teixeira de Oliveira.
Geralmente quando pensamos em
patrimônio histórico, temos a tendência natural de associá-lo somente a
patrimônio material, ligado a riqueza, que são herdados ou que possuem algum
valor afetivo. Porém, patrimônio não se limita apenas sentido de herança.
Refere-se também, aos bens produzidos por nossos antepassados, que resultam em
experiências e memórias, coletivas e individuais.
Tal herança histórica e cultural
adquirida pode fornecer informações significativas acerca da história de uma
região e do passado da sociedade. Por terem esse papel, acabam por contribuir
na formação da identidade local, como também na formação de grupos, nas categorias
sociais e no resgate da memória, desencadeando assim uma ligação entre o
cidadão e suas raízes. Em vista disso, sua preservação torna-se fundamental no
que diz respeito ao desenvolvimento cultural de um povo, uma vez que reflete na
sua formação sociocultural.
O que a obra de arte moderna não
conseguirá de forma nenhuma, é esconder a grande obra e história em Rondônia,
desse Gaúcho de General Câmara, uma pequena cidade interiorana surgida em torno
de um velho Arsenal de Guerra do Exército, sua carreira militar já nasceu ali,
do profundo envolvimento com as atividades armeiras em torno das quais girava
quase toda a vida da pequena população. Formou-se Aspirante de Artilharia, num
tempo em que a arma ainda era hipomóvel. Daí seu espírito misto de cavalariano
e artilheiro, arrojado e algo romântico, mas sem nunca perder de vista o
cálculo e a precisão.
Contudo, este aspecto de sua
personalidade é apenas um traço referencial. Já à paisana, reformado do
Exército, em 1979 chega a Rondônia com a missão de preparar a elevação do
Território Federal à condição de Estado. Precedia-se a fama de melhor prefeito
de Manaus dos últimos tempos, a capital do Amazonas.
Apoiado em Brasília por seu
colega de turma, o Coronel Mario Andreazza, que ocupava o cargo de Ministro do
Interior, a quem estava dado o comando da administração dos Territórios
Federais, Teixeira pode administrar à vontade: recursos não faltavam e, se
faltassem para uma dada obra, eram facilmente recambiados, de um para outro
programa, por artes de remanejamentos que só o Poder Federal poderia conseguir,
muitas vezes após mesmo a inauguração das obras.
Diante da escassez e das
limitações dos meios de transporte locais, e face da BR – 364 que era uma
verdadeira calamidade pública, o Governador-Coronel adotou o helicóptero com o
mesmo desembaraço com que havia adotado o “safari” como traje de trabalho, e o
indefectível gorro vermelho de pala dura dos paraquedistas com seu logotipo
pessoal.
Hoje ocupo a função de vereador
de nossa cidade. Na manhã de segunda feira dia 29 de janeiro, irei protocolar
na sede do executivo municipal, na Secretaria de Obras, na Semdestur e na
FUNCULTURAL, a solicitação para a remoção para um outro espaço a obra de arte
citada anteriormente, com o intuito de manter como de fato era, aquele espaço
reservado a lembrança de um personagem importante para nosso estado, que faleceu
no dia 28 de janeiro de 1987, e que jamais será esquecido por nossa história.
Mas talvez um dos traços que
marque para sempre a história de sua passagem em Rondônia, fora o ânimo de
progresso que trouxe à região e o indubitável serviço que prestou a esta terra
no trabalho de torna-la apta a enfrentar o desafio da autonomia administrativa
e financeira, foi sua canhestra participação na política local, ainda que seus
atos, muitas vezes, beirassem o profético.
Aleks Palitot
Historiador reconhecido pelo MEC
pela portaria n° 387/87
Diploma n° 483/2007, Livro 001,
Folha 098
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