O novo século e o avanço do processo de globalização da economia encontram a região amazônica como alvo de todo tipo de interesses, tanto nacionais quanto estrangeiros.
Desde a chegada dos portugueses ao litoral brasileiro, um dos grandes desafios impostos ao colonizador era integrar um território tão vasto e diversificado. A cobiça sobre as nossas riquezas geraram inúmeras discussões, conflitos e tratados.
A Amazônia apresentou-se, desde início, como um espaço diferenciado, onde as políticas públicas deveriam ser específicas, não valendo aquelas que se aplicavam ao restante do território. Isso levou o colonizador europeu a adotar medidas específicas para melhor administrar as terras mais ao norte. Basta verificar nossa origem colonial, desde o Estado do Maranhão, passando pelo Grão-Pará, pelas Províncias do Pará e Amazonas no Período Imperial até o início do Período Republicano.
Após a independência e mesmo após a proclamação da República, durante décadas, o objetivo de vários governantes foi ocupar, colonizar, explorar e integrar aos domínios brasileiros essa vastidão, que genericamente denominados Amazônia.
Nos últimos anos, quando o aquecimento global, a devastação das florestas e a poluição do meio ambiente passaram a predominar como temas de mídia de todo mundo, os olhos da humanidade voltaram-se para Amazônia, como o discurso do último refugio, última reserva, última fronteira.
Conforme a Amazônia ia aos poucos sendo revelada ao Brasil e ao mundo, por meio de inúmeros inventários e levantamentos de seus recursos naturais, minerais e energéticos, nas décadas de 1980 e 1990 assistimos à entrada em operação de inúmeros projetos de impacto, no setor de mineração e eletricidade, como o projeto Trombetas, pela Companhia Vale do Rio Doce, para exploração da bauxita; da grande Carajás, para exploração do minério de ferro; da Albrás-Alunorte, em Vila do Conde, para produção de alumina e alumínio metálico; de Tucuruí, no Rio Tocantins, para cerca de 4 milhões de quilowats; e o das hidrelétricas de Balbina, no Rio Uatumã, e de Samuel, no Rio Jamari.
Esse programa, que contribui para a expansão demográfica e da fronteira agrícola, pecuária, mineral e industrial deu origem também às tensões sociais, conflitos de terras, disputas de posse e invasões de áreas indígenas.
A situação engendrou também, pelo atraso de uma política nacional de preservação, o quadro atual caracterizado pela atuação das madeireiras predatórias, poluição fluvial, garimpeiros clandestinos, falsos missionários, contrabando das riquezas da biodiversidade florestal e pelo narcotráfico favorecido pelos 5.993 km de fronteira de uma linha imaginária, com insignificante presença civil ou militar aberta a guerrilha, ao narcotráfico, ao contrabando de armas e a biopirataria.
A presença de inúmeras ONGs, muitas delas utilizando-se de verbas públicas para executar tarefas terceirizadas, em áreas que o governo federal abstém-se em atuar, é outro motivo de preocupação, tanto para as autoridades como para a população da região.
Por fim, em função de uma infra-estrutura de transportes deficitária, provocou exclusão social, em que cada vez mais os problemas e as necessidades do Centro-Sul do país tornaram-se dissonantes da realidade regional, o que urge um planejamento estratégico de longo prazo para esta importante parcela do território nacional.
Historiador reconhecido pelo MEC pela portaria n° 387/87
Diploma n° 483/2007, Livro 001, Folha 098
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